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A oportunidade económica da inteligência artificial generativa em Portugal

Tal como o motor a vapor e a eletricidade no passado, a inteligência artificial (IA) está a transformar a economia, a sociedade e o mundo como o conhecemos. As implicações desta nova vaga tecnológica são vastas e promissoras e Portugal tem uma oportunidade única de acelerar a sua transição digital e de se posicionar como um líder europeu na área da IA.

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Há três semanas, a Google apresentou um estudo da Implement Consulting Group sobre o potencial impacto da IA em Portugal, usando dados de 2023. O estudo (disponivel em https://implementconsultinggroup.com/article/the-economic-opportunity-of-generative-ai-in-portugal) revela que apenas 8% das empresas portuguesas implementaram soluções de IA nesse ano, o que é surpreendentemente baixo, dada a sua relevância crescente. Esse número resulta da adoção de 35% das grandes empresas e apenas 7% das pequenas e médias empresas (PME), que constituem a maioria do tecido empresarial português. O estudo destaca ainda a importância do investimento em formação de novos profissionais como essencial para impulsionar a adoção de IA no país.

 

Apesar da IA generativa estar cada vez mais omnipresente nas nossas vidas, as PME, em particular, têm sido mais lentas na adoção da IA quando comparadas com as grandes empresas. A IA generativa, uma das mais transformadoras tecnologias do século XXI, tem o potencial de ajudar a resolver desafios globais urgentes: desde o tratamento de doenças, a redução das taxas de mortalidade em acidentes de viação, à luta contra as alterações climáticas, passando pela otimização dos recursos energéticos, o desenvolvimento da agricultura inteligente e a prevenção de ameaças à cibersegurança. Por isso, a existências de tantas empresas portuguesas permanecerem à margem deste potencial, não é uma boa noticia.

 

O estudo prevê que, dentro de aproximadamente 10 anos, a IA generativa, por si só, pode impulsionar o PIB de Portugal entre 18 a 22 mil milhões de euros, um aumento de 8% no PIB anual. No entanto, o país corre o risco de ficar cinco anos atrás na adoção desta tecnologia, o que reduziria esse impacto para apenas 2%, ou seja, entre três e cinco mil milhões de euros.

 

De acordo com o estudo, em Portugal estima-se que 60% dos empregos trabalhem em conjunto com a IA generativa, 34% dos empregos permaneçam inalterados pela IA generativa, e apenas 6% dos empregos sejam altamente expostos à IA generativa, o que pode levar ao encerramento de algumas funções. No entanto, prevê-se que novos empregos na economia impulsionada pela IA substituam os que forem perdidos devido à automação, resultando em níveis de emprego inalterados.

 

Esta revolução tecnológica trará desafios ao mercado de trabalho. A automação de tarefas rotineiras pode reduzir a necessidade de certas funções, mas, ao mesmo tempo, criará novas oportunidades em áreas como o desenvolvimento, implementação e supervisão de IA. Na Nova SBE, temos observado um interesse crescente dos empreendeores, das empresas e dos alunos pela IA. Muitas startups nascem já com IA no seu núcleo, enquanto grandes empresas exploram como integrar estas ferramentas para aumentar a sua competitividade global.

 

Contudo, o potencial económico da IA generativa só será concretizado com uma preparação adequada. Portugal enfrenta desafios significativos ao nível da infraestrutura digital, das políticas regulatórias e da qualificação da força de trabalho. Investimentos em tecnologia de dados, conectividade e um ecossistema de inovação robusto são essenciais para garantir que o país aproveite esta oportunidade.

 

O papel do governo e das instituições será crucial para facilitar a adoção da IA. Políticas públicas eficazes, combinadas com incentivos para as empresas investirem em IA, podem acelerar o crescimento económico e garantir que Portugal seja um líder, e não um seguidor, nesta nova era digital.

 

Portugal tem uma oportunidade única de se posicionar como um centro de excelência em IA na Europa. Com uma força de trabalho jovem, um ecossistema de inovação em crescimento e uma localização estratégica, o país pode atrair talento e investimento internacional, consolidando-se no mapa digital global. A transição digital está a ocorrer a um ritmo acelerado, e cabe a nós, como nação, estarmos preparados para maximizar o seu potencial. A IA generativa não é apenas uma tendência tecnológica; é uma força disruptiva que pode redefinir o futuro económico do nosso país.

 

Na Nova SBE, lançamos o Data Digital and Design Institute a 24 de outubro, em parceria com o Data Digital and Design Institute da Harvard (D3 Institute at Harvard) e a NOVA Medical School. Este instituto é o fórum onde esperamos desenvolver estudos e projetos para preparar a nossa sociedade, incluindo organizações públicas e o tecido empresarial, para um mundo onde a IA será cada vez mais relevante.

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