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E a vacina da confiança? Será que já existe?

Este momento é desafiante e não se vai resolver só porque temos uma “bazuca”. Do que necessitamos é de industriais, comerciantes, empresas, empregos… ou seja, confiança no futuro.

Estamos a atravessar um momento que, diria, é crucial. De acordo com a informação que vamos recebendo, e acreditando que não iremos ter de nos defrontar com novos buracos negros neste novo trilho que estamos a percorrer, a situação sanitária poderá ser recuperada, ainda no início do verão. Contudo, fica a faltar… muito!

É bem verdade que continuámos a trabalhar, como pudemos, e é bem verdade que, por esse motivo, conseguimos chegar até aqui. Agora, começa a ser tempo de olhar para o futuro. Os problemas que tínhamos não desapareceram e outros novos nasceram. É normal. Sempre foi e será assim. O que é relevante é a nossa vontade de ultrapassar e vencer.

Muitas vezes falamos em esperança que, verdade seja dita, devemos ter, mas pouco ênfase damos à confiança, quando é precisamente lá que se abre a porta para o futuro. Obviamente, não me refiro à confiança enquanto patética atitude cega que esconde as dificuldades e, muitas vezes, conduz a caminhos sem sentido. Mas sim da confiança, no mesmo plano em que J.M. Bartelet a colocou, no seu livro “Emoção, Teoria Social e Estrutura Social”, uma abordagem macrossocial, ao afirmar que “… todas as ações humanas ocorrem no tempo, baseando-se num passado que não pode ser modificado e enfrentando um futuro que não pode ser conhecido”. É o “animal spirits”, também referido por Keynes, ou ainda, o “espírito de iniciativa”, identificado por Schumpetr a propósito do impulso que leva os empreendedores a demonstrarem interesse e implementarem novos projetos.

A ação humana, e por consequência “o fazer”, tem por base a confiança que cada ser humano transporta em si. Não devemos, nem podemos baixar os braços. Nem todos estamos em condições de liderar, mas podemos apoiar e não censurar quem se propõe a desafiar o futuro. Neste momento, precisamos de confiança. A confiança deve ser acarinhada pois não é apenas o fulminante que espoleta a ação, ela é também o projétil disparado para a construção dum futuro melhor. Será que vamos poder contar com todos? Faço votos para que sim..

Mas ter confiança é também correr riscos. E, por isso, mais do que nunca, devemos dispor de mecanismos que amparem as turbulências que, certamente, iremos sentir. O Estado terá, aqui, um papel fulcral, não só no apoio, mas também na eliminação de dificuldades acrescidas. Mas todos nós temos também um papel determinante. Não só quem arrisca, mas também quem vê outros arriscar, desejando-lhes “bons ventos”, e não engrossando as fileiras da maledicência e do derrotismo. Compreender que quem falha não é incapaz. Faz parte. Ter iniciativa e falhar é triste, mas mais triste é a tristeza de nunca tentar.

Este momento é desafiante e não se vai resolver só porque temos uma “bazuca”. Do que necessitamos é de industriais, comerciantes, empresas, empregos… ou seja, confiança no futuro.

A nossa vida irá sempre prosseguir, seja de que forma for. Será certamente muito melhor se todos estivermos disponíveis para nos apoiarmos mais e censurarmos menos.

Até breve.

 

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