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E a propósito dos objetivos de desenvolvimento sustentável

Apesar de todas as medidas que possam ser implementadas no meio empresarial, sem estas raízes, nunca poderemos ter a ilusão de que a igualdade de género deixe de ser um objetivo a atingir e se transforme numa conquista do passado.

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Pode ler-se no site das Nações Unidas (https://unric.org/pt/Objetivos-de-Desenvolvimento-Sustentavel/) que, e passo a citar, a Agenda 2030 e os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são a visão comum para a Humanidade, um contrato entre os líderes mundiais e os povos e "uma lista das coisas a fazer em nome dos povos e do planeta". Entre os 17 ODS, encontra-se a igualdade de género. E, tendo em conta que no passado dia 8 de março se comemorou o Dia Internacional da Mulher, é nele que me vou concentrar.

 

A época que atravessamos tem-nos colocado a todos, homens e mulheres, inúmeros e difíceis desafios. Mas, a partir da realidade que observo e, por vezes, testemunho, esses desafios têm sido acrescidos para as mulheres, nomeadamente para aquelas que carregam nos seus ombros a muitas vezes, silenciosa "tarefa" de mãe.

 

Sabemos como tem evoluído a nossa sociedade, nomeadamente no que respeita à igualdade de género. No seio familiar, a partilha de responsabilidades vai-se instituindo até que um dia, assim o desejamos, seja uma realidade. No campo profissional, quanto mais não seja alavancada pela imposição de quotas, as mulheres têm vindo a conquistar o direito a novas carreiras.

 

Mas, e apesar de toda esta evolução, ainda vivemos com algumas duras realidades. A das diferenças salariais entre homens e mulheres e que se traduzem em 52 dias de trabalho pago, segundo dados disponibilizados pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, no passado mês de novembro. A de que velhos hábitos e costumes persistem enraizados na nossa sociedade. 

 

Não podemos ignorar que ainda se procuram mulheres que, em regime voluntário, se disponham a confecionar, pelo menos, duas refeições diárias, pequeno almoço e jantar, deem banho aos mais pequenos, arrumem o quarto ensinando-os a manter as prateleiras arrumadas e a roupa nos locais adequados: o que é para lavar e os casacos pendurados nos cabides. Que lhes relembrem da sua higiene diária, dos trabalhos de casa e que, ao cair da noite, os embalem ao som de uma história, nem que seja inventada no momento. Tudo isto, sete dias por semana e sempre com boa disposição. 

 

É minha esperança que os tempos que vivemos também nos tenham trazido estes ensinamentos, que não se aprendem na escola. O de termos podido observar - sobretudo aqueles para quem esta realidade parecia estar escondida - dia após dia, a realidade de muitas mulheres, e do quanto lhes é exigido. E que, confrontados com esta realidade, possamos ter tido a oportunidade de entender que é também em casa que tudo se decide, pois é lá que a igualdade de género se semeia e cria raízes. Apesar de todas as medidas que possam ser implementadas no meio empresarial, sem estas raízes, nunca poderemos ter a ilusão de que a igualdade de género deixe de ser um objetivo a atingir e se transforme numa conquista do passado.

 

E, porque acabamos de celebrar o Dia Internacional da Mulher, dedico esta crónica a todas as mulheres que, apesar de todas as adversidades, têm a extraordinária capacidade de se reinventar dia após dia e, assim, ultrapassar todas as barreiras que se vão erguendo no seu caminho.

 

Até breve e fiquem bem.

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