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Como será o mercado laboral na era pós-covid?

Os empregadores podem aqui assumir um papel crucial. É necessário que criem oportunidades para estes jovens que, por circunstâncias que lhes são muitas vezes alheias, lhes foram vedadas. Que implementem políticas de formação continuada que visem a sua qualificação. Que criem políticas de mecenato.

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Passado quase um ano, mais precisamente 340 dias, cá estamos novamente a iniciar mais uma viagem para o confinamento. Aquele lugar inóspito, envolto de uma dolorosa nébula negra e que, estou certa, ninguém desejava alguma vez ter visitado. E, desta vez, carregamos uma bagagem bem mais pesada e dolorosa e temos trilhos mais sinuosos para percorrer. Mas apesar de mais cansados e emocionalmente desgastados, desta vez temos um novo companheiro de viagem, que dá pelo nome de vacina, que nos enche de esperança. Por isso, e apesar de estar consciente de quão longe ainda estamos de chegar ao destino, está na hora de pensar no futuro. Como será o mercado laboral na era pós-covid?

No passado 1 de maio, o secretário-geral da Nações Unidas, António Guterres, a propósito da comemoração do Dia do Trabalhador, e com base num relatório elaborado à data pela International Labour Organization (ILO), referiu que, devido à pandemia, a força de trabalho global será atingida com o equivalente à perda de mais de 300 milhões de postos de trabalho. No início de dezembro, de acordo com dados estimados pela Eurostat, em outubro de 2020 a taxa de desemprego em Portugal registou uma descida de 0,4 p.p. em relação à percentagem registada no mês anterior, passando de 7,9% para 7,5%, embora 1 p.p. acima dos valores homólogos que eram de 6,5%. Para a taxa de desemprego nos jovens com menos de 25 anos, a Eurostat estimou para outubro uma diminuição de 0,4 p.p. em relação ao mês anterior, situando-se nos 23,9%, mas que em termos homólogos regista uma subida de 6,2 p.p.

E como os números não mentem – ainda que a Estatística, enquanto ciência, se mal utilizada possa ser a melhor ferramenta para mascarar a realidade – parece certo que, em Portugal, os jovens com menos de 25 anos são a faixa etária mais atingida por esta pandemia. Entre estes jovens, encontraremos certamente os recém-licenciados ou mestres que, findo o seu percurso escolar, se depararam com uma recessão económica que lhes fechou algumas portas de entrada no mercado de trabalho. A estes, estou em crer, que a progressiva retoma económica irá dar uma resposta. De fora, ficará, contudo, grande parte daquela ainda muita vasta fatia de jovens, com poucas qualificações académicas e com empregos precários (que transitam entre sucessivos contratos a prazo e acabam no desemprego). Até porque estes estão muitas vezes associados a setores económicos cuja retoma irá tardar. Urge, por isso, encontrar soluções. E num mundo em que inclusão, impacto, igualdade e equidade são palavras de ordem é necessário passar à ação. Os empregadores podem aqui assumir um papel crucial. É necessário que criem oportunidades para estes jovens que, por circunstâncias que lhes são muitas vezes alheias, lhes foram vedadas. Que implementem políticas de formação continuada que visem a sua qualificação. Que criem políticas de mecenato.

Mas não é apenas o desemprego, ou a luta contra o mesmo, que irá impactar o mercado laboral na era pós-covid.

O teletrabalho terá um papel ativo. Trazido à luz do dia, por força das circunstâncias, o termo foi introduzido em 1973 no decurso de um projeto, dirigido por um professor da Universidade da Califórnia, Jack Nilles, e que envolveu 30 funcionários de uma empresa privada. No original designado por telework, foi definido como “toda a forma de substituição das viagens de trabalho através do uso da tecnologia de informação”. Mas de que forma, esta nova realidade, alicerçada por toda a tecnologia que se desenvolve a um ritmo alucinante, irá criar um novo paradigma no mercado laboral e nas empresas, na era pós-covid? Este é certamente um tema que necessita de uma reflexão profunda. E, nesse sentido, muito em breve iremos promover uma conferência, aberta a todo o público, que irá contar com a participação de empresas e em que falaremos do recrutamento na era pós-covid. O teletrabalho será, certamente, um tema em análise.

Até breve e, por agora, por favor, fiquem em casa.

 

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