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Sandra Clemente - Jurista 28 de Dezembro de 2016 às 20:40

Valsa lenta

Comparar as previsões da The Economist para Portugal para 2016 e 2017 é sentir o desalento da inamovibilidade.

Visto de fora - desde logo por investidores que podiam criar emprego bem remunerado cá dentro para as gerações educadas de que o primeiro ministro falou na sua mensagem de Natal - o País passou de uma previsão de crescimento de 1,8% para 1,3%, da incerteza da coligação das esquerdas para a sua aliança parlamentar sólida que garante a estagnação, ou melhor a perda de gás da economia (corroborada pelos números do INE), da promessa do fim da austeridade que é para inglês ver para a generalidade dos portugueses, para, por exemplo, o aumento da idade da reforma já em Janeiro.

Ficou bem a Costa, na mensagem de Natal, o rebate de consciência pela crise de 2011, quando disse que nunca mais queria que a geração mais qualificada que Portugal já formou voltasse a ser forçada a emigrar.

Talvez o jardim de infância fosse uma mensagem subliminar: "não vos farei aquilo que o último governo socialista antes do meu, e que é em grande parte o meu, fez aos vossos pais". Mas não explicou foi como irá ser feita a articulação da "democratização do conhecimento, essencial para reduzir as desigualdades e garantir a todos iguais oportunidades de realização pessoal", com o combate à pobreza e à precariedade laboral em nome de uma "sociedade decente" que também defendeu, dadas as medidas que o seu governo tem tomado, que na prática afastam o investimento que cria emprego e paga salários, o seu próprio governo cortou até no investimento público, e nos sobrecarregam de impostos para pagar as suas clientelas, mantendo abaixo delas uma sociedade pobre. Com mais dinheiro no bolso, mas ainda assim pobre para os parâmetros europeus.

Logo dois dias depois soubemos que BE e PCP querem mais férias e feriado no Carnaval. Esta é a nossa história de 2016. Como dizia o WSJ, a maioria dos mais novos sonha com ganhar mais do que os seus pais, não com receber mais prestações do Estado do que os seus pais. Desejo-lhe um Feliz 2017! Espero que consigamos sair deste círculo vicioso.

 

Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

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