Opinião
Modas e bordados
Estas vendas de grandes carteiras de créditos ou de imóveis, com redução de preço em função do valor global, têm sido praticadas por diversas instituições financeiras, incluindo companhias de seguros? Sim ou não?
Tenho seguido, com a atenção possível, o tema da venda de ativos do Novo Banco. Li ontem que o assunto fora levantado por Helena Roseta, em 2019, e agora tem sido suscitado por Rui Rio.
De tudo o que tenho lido e ouvido há uma questão muito importante a esclarecer: as vendas foram previamente comunicadas a quem deviam ser, nos termos da lei? Sim ou não?
Outra questão: estas vendas de grandes carteiras de créditos ou de imóveis, com redução de preço em função do valor global, têm sido praticadas por diversas instituições financeiras, incluindo companhias de seguros? Sim ou não?
É que se já aconteceu variadíssimas vezes e se acionistas e entidades de supervisão tinham conhecimento prévio, o caso muda de figura.
Não podemos continuar com a moda que foi criada em Portugal e noutros países pelos escandaleiros: uma prática que sempre foi socialmente aceite é apresentada, de repente, como sendo uma atitude criminosa; e decisões que são participadas e autorizadas por várias pessoas e/ou entidades são ligadas ou atribuídas a uma só pessoa (ou só a algumas).
Neste caso da venda de ativos do Novo Banco, se a operação foi idêntica a muitas outras não pode esta ser isolada como um ato de gestão danosa enquanto nos outros casos equivalentes foram tidos como boa prática de gestão; e se tiver sido ato censurável então têm de ser chamados todos os que votaram, autorizaram, consentiram.
Eu sei que estamos a falar do Novo Banco que tem recebido muito dinheiro que vem dos contribuintes e/ou clientes de outros bancos. Esse é outro assunto. Sei bem o que defendi, na altura própria, sobre a venda do Novo Banco a entidades estrangeiras. Cheguei a admitir a nacionalização. Já sabia que o desfecho ia ser o que está em curso. Espero que alguns “especialistas” se lembrem das críticas que me fizeram sustentando que Portugal precisava de investimento externo, que o Banco precisava de capital estrangeiro e que não havia dinheiro em Portugal.
Infelizmente, vai havendo, para pagar tanta cláusula, mais ou menos secreta. O povo é que paga. Não venham com investigações de novela para disfarçar a história verdadeira.