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Opinião
27 de Novembro de 2016 às 21:00

Notas da semana de Marques Mendes

A análise de Luís Marques Mendes ao que marcou a última semana da vida nacional e internacional. Os principais excertos da sua intervenção na SIC.

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AVALIAÇÃO DO GOVERNO

O LÍDER
•António Costa - É o abono de família do Governo.
a) Está a fazer história.
- Porque é a primeira vez que há uma coligação de esquerda no poder;
- Porque um governo que se previa para um ano pode durar quatro;
- Porque tem o PCP e o BE domesticados;
- Porque aproveita na perfeição a boa relação política com o PR.
b) Tem um grande senão - o crescimento da economia.
- Um ou dois anos com crescimento anémico aguenta-se.
- Uma legislatura inteirassem crescimento que se veja pode não ser sustentável.

OS MELHORES
• Santos Silva - O pensamento mais sólido de todos dentro do Governo.
• Maria Manuel Leitão Marques - Só o Simplex, de que é autora, lhe garante qualidade e eficácia.
• Matos Fernandes - No caso da Uber e da Carris mostrou o que não é habitual - coragem e espírito reformista.
• Adalberto Campos Fernandes - Um Ministro tecnicamente sólido e politicamente competente. A fazer omeletes sem ovos. É obra.
• Vieira da Silva - Apesar de menos reformista que o habitual, é um peso pesado e uma referência de segurança e solidez.

SATISFAZEM
•Mário Centeno - Não fossem as trapalhadas da CGD e seria o melhor dos Ministros. Como diz Paulo Baldaia, é o melhor e o pior de um ano de Governo.
• Francisca van Dunen - Uma Ministra muito sólida mas inexplicavelmente muito apagada.
• Azeredo Lopes - Não começou bem, mas tem vido a afirmar-se cada vez melhor.
• Constança Urbano de Sousa - É competente mas pouco fazedora e reformista.
• Manuel Heitor - Outro Ministro competente mas demasiado discreto.
• Eduardo Cabrita - Muito bem na área dos Refugiados. Mas curto e insuficiente para o peso político que tem.
• Pedro Marques - Prometia muito. Um ano depois está aquém do que era esperado.

NÃO SATISFAZEM
• Capoulas Santos e Ana Paula Vitorino - Dois Ministros politicamente muito experientes, mas que neste primeiro ano estiveram muito aquém das expectativas.
• Tiago Brandão Rodrigues - Bom para os sindicatos, mas não é líquido que seja bom para o país.
• Manuel Caldeira Cabral - A economia exigia mais acção, energia e capacidade de liderança.
• Luís Filipe Castro Mendes - Tarda a deixar a imagem de irrelevância que lhe está associada.

MAIS QUE MINISTRO
• Pedro Nuno Santos - Um Secretário de Estado com peso político muito superior ao da maioria dos Ministros. O responsável pela geringonça funcionar bem. E a verdade é que ela funciona melhor do que se esperava! É mérito seu. Está a acumular prestígio, credibilidade e poder para ser o próximo líder do PS, mesmo que Medina ganhe a Câmara de Lisboa. n

PS A CAMINHO DA MAIORIA ABSOLUTA?
1. A sondagem DN/Universidade Católica mostra, no essencial, o seguinte:
a) Presidenciais - Marcelo arrasa. Uma popularidade excepcional.
b) Legislativas - Um ano depois das eleições,
- PS é o grande beneficiário. Está a um passo da maioria absoluta (43%);
- PSD é a grande vítima. Está próximo dos seus piores resultados (30%);
- PCP e BE ou baixam ou estabilizam.

2. Mais importante que a sondagem é perceber qual é a estratégia de António Costa para os próximos cinco anos: ou seja, para as eleições legislativas de 2019 e para as presidenciais de 2021. E essa estratégia é a seguinte:
a) Primeiro: António Costa quer levar este seu Governo de coligação até ao fim (2019);
b) Segundo: Em 2019 vai tentar ganhar com uma maioria absoluta. Para poder dispensar os seus parceiros actuais;
c) Terceira: Um ano depois, o PS não apresentará candidato às eleições presidenciais e apoiará Marcelo Rebelo de Sousa, como contrapartida de uma boa cooperação política e institucional;
Em conclusão:
- Uma cópia de Cavaco entre 1986 e 1991.
- E assim governará oito anos seguidos.

3. Esta estratégia tem três dificuldades:
a) A primeira é a economia. Se a economia crescer, tudo perfeito. Se não crescer, tudo é mais difícil.
b) A segunda é a Europa. Se da Europa vier um problema sério (seja a falência de um grande Banco, seja a mudança de política do BCE), tudo pode desmoronar-se.
c) A terceira é o PSD. Se o PSD continuar igual ao que hoje é, Costa está nas suas sete quintas. Se o PSD mudar, de estratégia ou de liderança, tudo pode ser radicalmente diferente. n

ACORDO SOCIAL - SIM OU NÃO?
Tem-se discutido muito se vamos ou não ter um acordo de concertação social sobre o salario mínimo nacional. Salvo o devido respeito, a discussão é redutora e não está a mobilizar o país.
a) Primeiro, é uma discussão redutora. O país precisa de um Acordo Económico e Social de Médio Prazo até 2020.
- E precisa porquê? Porque é a melhor forma de gerar confiança nos investidores.
- Só que o acordo de que o país precisa não pode ser só em torno do salário mínimo. Tem de ser sobre políticas de competitividade, de crescimento, de investimento e de rendimentos (incluindo aqui o salário mínimo):
- Ora, uma discussão apenas em torno do salário mínimo é redutora. Ou seja, se não houver acordo nenhum é mau. É uma imposição. Se houver um acordo apenas sobre o SMN é claramente insuficiente.
a) Segundo, esta discussão está a passar ao lado do país e não o mobiliza.
- A ideia que passa para o país é que estamos perante mais uma discussão corporativa, tecnocrática, banal. Apenas para cumprir calendário.
- Faltam causas, ideias e propostas que mobilizem as pessoas e que possam estimular a celebração de um acordo.
- Impunha-se um novo impulso na concertação e ele pode vir de vários lados: do Presidente da República que lançou a ideia; do Governo que é o árbitro deste jogo; e dos parceiros sociais que deviam fazer propostas concretas mais amplas e mais ambiciosas.
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