Opinião
Em defesa da liberdade
Onde o povo “governa”, como por exemplo numa Venezuela rica em recursos, falta comida e importa-se gasolina. Claro que não é o povo, mas sim os burocratas ideológicos de serviço que arruínam a economia em seu nome.
A FRASE...
"Se é o povo português que paga, é bom que seja o povo português a mandar."
Pedro Nuno Santos, Negócios, 29 de abril de 2020
A ANÁLISE...
A tentação de falar e mandar em nome dum povo com costas largas é enorme. A esquerda pouco moderada sabe sempre o que o povo quer, e habilitada em agir em seu nome. Foi o povo, ou quem mandou em seu nome, que enviou o próprio povo para os gulags na Sibéria.
Onde o povo "governa", como por exemplo numa Venezuela rica em recursos, falta comida e importa-se gasolina. Claro que não é o povo, mas sim os burocratas ideológicos de serviço que arruínam a economia em seu nome.
A tentação ideológica estatizante, de nacionalização da economia, que existe hoje em Portugal, e dentro do próprio Governo, é enorme e a sua ameaça muito real. A ajuda do Estado à economia, com os dinheiros doados ou emprestados por Bruxelas, tem dois caminhos. Um é de liberdade para as empresas se capitalizarem, e para os portugueses livres de utilizarem o seu dinheiro, com retorno de IRC para aumentos de capital, para as boas empresas que o liquidam, empréstimos em obrigações convertíveis sem direito de voto e um imposto negativo em valor absoluto via cheques da AT para todos os contribuintes. Outro é de colocar o Estado a canalizar os apoios, dentro da sua omnisciência e discricionariedade, com a tentação de controlo da economia e menorização do contributo da iniciativa privada, os malandros do lucro. Ou seja, há uma linha dentro do Governo que deseja dar arroz de frango a todos os portugueses, pôr burocratas a intervir nas fábricas do arroz e na produção do frango, porque a alimentação é demasiado importante para ser entregue a quem só quer o lucro. Isto em vez de financiar os portugueses para que possam escolher o menu, e às empresas de alimentação para que se capitalizem, sobrevivam, devolvam os fundos, e as obriguem a concorrer para o rei consumidor escolher. Um é o modelo da Liberdade e da economia social de mercado da Europa, outro é aprofundar o modelo de Mais Estado que nos tem empobrecido e fomentado a corrupção.
Num país com pouco escrutínio das instituições, onde todos, deputados da maioria, reguladores e diretores-gerais, devem o seu lugar à magnanimidade do primeiro-ministro, dependentes e pobres disputam as benesses em silêncio. 46 anos depois a nossa Liberdade, e os valores de Abril, estão em risco. Alerta!
Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências diretas e indiretas das políticas para todos os setores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.
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