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Opinião
10 de Abril de 2017 às 21:10

Perguntas com resposta 

A crise terminal de um regime político inicia-se quando as entidades que integram esse sistema político perdem o seu poder de regeneração e conservam apenas o seu poder de reprodução das suas relações de dominação.

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A FRASE...

 

"Quem decidiu o quê, no Governo, nas instituições públicas, nos bancos e nas empresas? Quem é realmente responsável pela perda de valor da ordem de milhares de milhões?"

 

António Barreto, Diário de Notícias, 9 de Abril de 2017

 

A ANÁLISE...

 

Uma crise em democracia não tem de ser o anúncio do fim desse regime. É sempre possível invocar a esperança de que a democracia encontrará uma solução para as suas dificuldades, seja pela via da negociação entre partidos, seja pela via das eleições que permitem consultar o eleitorado sobre o que são as respostas que a sociedade prefere para superar as dificuldades que os protagonistas políticos não conseguem evitar e resolver. Contudo, a História política não regista exemplos de democracias eternas. E mesmo os regimes democráticos com longa duração vão mudando de forma nas instituições e de protagonistas no exercício do poder. Para que a democracia possa continuar, é preciso afastar os que fracassam e renovar as instituições quando estas são capturadas por interesses particulares.

 

A crise terminal de um regime político inicia-se quando as entidades que integram esse sistema político perdem o seu poder de regeneração e conservam apenas o seu poder de reprodução das suas relações de dominação. O poder político reproduz-se, mas não se regenera, não tem vitalidade. O regime político conserva o poder, mas não identifica, nem neutraliza, os factores de crise que gerou no seu interior, no seu processo de decisão e no regular funcionamento das suas instituições. O regime pode continuar por um período indeterminado, mas o poder não é exercido, limita-se a repetir o que já fez e sem resultados que confirmem o que foi prometido nos programas dos partidos e nos fundamentos do regime.

 

Quando é preciso identificar quem provocou a destruição de valor, não tem de se procurar muito. Foi o poder político que permitiu, e muitas vezes promoveu, tudo o que provocou a "perda de valor da ordem de milhares de milhões", conduzindo à escravidão da geração actual e das gerações futuras pela via da acumulação de dívida, sempre em nome do combate às desigualdades e da garantia de justiça social.

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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