Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião
01 de Outubro de 2020 às 09:20

Reféns dos extremos

São as alternativas moderadas à esquerda e direita com projetos políticos divergentes que nos farão sair da estabilidade podre e da sociedade inamovível, agora temperada com os afetos do semipresidencialismo, ao invés da provocação institucional saudável.

  • ...

A FRASE...

 

"O perigo de esperar que o Estado nos salve."

Manuel Carvalho, Público, 28 de setembro de 2020 

 

A ANÁLISE...

 

As sociedades fragmentadas, às vezes esquecemo-nos, têm dois lados a dividi-las. Imputar a total responsabilidade a um deles, e não a outro, é não querer ver a realidade na sua totalidade. Ambos sobrevivem com o estado de negação recíproco. Para cada assunto, a contenda faz-se sem os oponentes aprenderem com a realidade que os circunda. O terreno mediático não pode florescer com os extremos.

 

A moderação à esquerda e à direita perdeu valor, porque o centro efetivamente afastou-se da resolução dos problemas das pessoas e das nações. O PS não devia (mas está) refém da extrema-esquerda, como o PSD não devia depender do da direita. Agregar estes dois partidos é diminuir as alternativas da democracia. As elites da esquerda bem-pensantes consideram os eleitores e dirigentes dos extremos de direita ignaros, ao passo que as de direita as consideram subversivas e reacionárias. Não interessa a nação, nem o seu povo, nem a liberdade de pensamento e expressão, mas sim arregimentar os grupelhos facciosos agitadores das águas paradas.

 

O que releva é o esmagamento de um pelo outro. No caso português, em que temos um problema colossal de dívida, um crescimento económico insuficiente, um capitalismo de compadrio sem capital, um socialismo assente na religião do Estado, um sistema de pensões público impagável nos moldes atuais, um sistema de saúde ineficiente e caro, uma dependência sem precedentes da Europa, parecem ser "fait-divers" numa agenda mediática marcada pelas ideias e causas fraturantes promovidas ou não em aulas de cidadania. O bloco central dos interesses instalados ou da estabilidade governativa como valor superior absoluto da democracia também não são as soluções miraculosas. São as alternativas moderadas à esquerda e direita com projetos políticos divergentes que nos farão sair da estabilidade podre e da sociedade inamovível, agora temperada com os afetos do semipresidencialismo, ao invés da provocação institucional saudável.

 

O medo instalado ao centro cria uma maioria silenciosa, enquanto a minoria ruidosa se passeia nas avenidas do espaço público. Usa-se e abusa-se da força coerciva do Estado para asfixiar a sociedade civil. O regular funcionamento das instituições não contempla as da sociedade civil. 

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências diretas e indiretas das políticas para todos os setores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

Ver comentários
Mais artigos do Autor
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio