Opinião
Meu caro Rui Semedo
O tempo não lhe deu o tempo merecido: para ler os seus Jorge Luis Borges, Eco, Wilde, Homero e tantos outros escritores, enciclopedistas, e humanistas que muito inspiraram a sua visão do mundo e do homem.
Já não sabia onde colocar tantos livros e revistas de quase tudo que avidamente devorava. A conversa com amigos, e o debate sempre sereno e de escuta activa, fascinava-o.
Na economia, atrás de um bancário, e não banqueiro como gostava de revelar, estava um liberal e um admirador permanente do empresário per si, com todos os seus defeitos e qualidades, como elemento criador da sociedade económica como ela é, e não como academistas, utópicos e platonistas gostariam que fosse. Não os distinguia.
Sabia que a aventura empresarial e humana da criação da diferença é sempre um acto de coragem individual. A mobilização colectiva sucedia ao arrojo pessoal inicial, e moldava-a.
Como gestor, sorria ironicamente dos propalados sucessos dos gestores, quando estes perdiam a noção do seu centro, e em vez de servir serviam-se dos recursos que alguém lhes colocou à disposição.
Defendia acerrimamente que o homem não tinha mudado desde os seus primórdios.
As motivações estariam eternamente congeladas no código genético, e o que nos poderia fazer melhorar eram a ética, a responsabilidade e um conjunto de princípios que nos obrigassem a pensar nos outros.
As fórmulas jurídicas do crédito bancário que concedia escondiam a ideia que tinha do crédito que deveria dar às pessoas enformadas pelas instituições.
O seu Mises de Human Action serviu-lhe também como referência.
As suas melhores qualidades como humanista eram despertadas quando tinha que enfrentar uma plateia: preparava-se, não parecendo que o tivesse, e fazia-o como percorreu a vida. De ideias soltas que recolhia aqui e ali, apercebíamo-nos da consistência do pensamento e da acção.
Vou ter saudades de discutirmos livros e os últimos artigos da New York Review of Books. De memória cito, já não sei bem quem, " a única morte que o homem tem o direito de evitar e à qual pode escapar: a morte em vida".
Escapaste-te.
Na economia, atrás de um bancário, e não banqueiro como gostava de revelar, estava um liberal e um admirador permanente do empresário per si, com todos os seus defeitos e qualidades, como elemento criador da sociedade económica como ela é, e não como academistas, utópicos e platonistas gostariam que fosse. Não os distinguia.
Sabia que a aventura empresarial e humana da criação da diferença é sempre um acto de coragem individual. A mobilização colectiva sucedia ao arrojo pessoal inicial, e moldava-a.
Defendia acerrimamente que o homem não tinha mudado desde os seus primórdios.
As motivações estariam eternamente congeladas no código genético, e o que nos poderia fazer melhorar eram a ética, a responsabilidade e um conjunto de princípios que nos obrigassem a pensar nos outros.
As fórmulas jurídicas do crédito bancário que concedia escondiam a ideia que tinha do crédito que deveria dar às pessoas enformadas pelas instituições.
O seu Mises de Human Action serviu-lhe também como referência.
As suas melhores qualidades como humanista eram despertadas quando tinha que enfrentar uma plateia: preparava-se, não parecendo que o tivesse, e fazia-o como percorreu a vida. De ideias soltas que recolhia aqui e ali, apercebíamo-nos da consistência do pensamento e da acção.
Vou ter saudades de discutirmos livros e os últimos artigos da New York Review of Books. De memória cito, já não sei bem quem, " a única morte que o homem tem o direito de evitar e à qual pode escapar: a morte em vida".
Escapaste-te.
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