A carregar o vídeo ...
Em direto Portugal Inspirador

Agricultura em debate em Évora

Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião

O BCE, os falcões obrigados a ser pombinhas

O falcão BCE foi atingido pela crise. Quis tanto ser o falcão dos falcões que agora fica na história como dos poucos a exigir aos bancos que paguem pelo dinheiro que depositam no banco central. A crise cada vez mais grave converteu falcões em pombinhas.

  • 16
  • ...

É a vida. Quando se adia a resolução de um problema, ou se rejeita que exista, ele não desaparece. Só se torna mais grave e exige soluções mais drásticas e com menos garantias de evitar o pior. Tal como nas doenças que não são atacadas imediatamente. Nos balanços da crise financeira, a Zona Euro pode acabar por servir de exemplo para os casos em que se actua tarde. Fazendo com que todos sofram muito mais

 

Ironicamente a melhor maneira de resolver uma crise de excesso de consumo e dívida pode acabar por ser aumentar o consumo e a dívida. Colocando os bancos centrais a imprimir notas, engolindo nos seus balanços o peso da herança dos exageros. Esta conclusão tirada por alguns economistas internacionais foi muito cedo adoptada pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido.

 

A Zona Euro acabou de aderir à mesma tese dos seus heterodoxos e pragmáticos parceiros anglo-saxónicos depois de ter resistido demasiado tempo e com custos que futuro nos mostrará. Como de costume, adopta medidas inovadoras de combate à crise já com a União Monetária à beira de um novo e mais aterrador abismo do que a recessão, a deflação. Esperemos que vão a tempo. O que já sabemos é que terá de usar ferramentas ainda mais heterodoxas do que os seus parceiros.

 

Um dos grandes desafios que o BCE tem pela frente é garantir que o dinheiro que vai injectar na economia do euro se transforma em crédito para as pequenas e médias empresas. Uma tarefa muito mais difícil do que aquela que os seus parceiros anglo-saxónicos tiveram pela frente. Pura e simplesmente porque perceberam mais cedo que se estava perante um problema de estrangulamento do crédito e, por isso, actuaram mais cedo. Enquanto isso, no BCE e entre a classe política da Zona Euro usavam-se valores morais de culpa da dívida e considerava-se que se tinham de pagar a dívida com  o pelo do cã que se ia emagrecendo.

 

Como titula hoje o Negócios hoje, Mario Draghi tem agora de ser canalizador, depois de ter sido bombeiro. Tal como os seus pares nos bancos centrais, foi bombeiro. Mas contrariamente aos seus pares, não usou todo o arsenal que podia para apagar o fogo. E a crise mudou novamente de perfil e agora transformou-se em ameaça de deflação.

 

 Durante a curta história do BCE assistimos a várias vezes a erros de avaliação, sempre explicados por um enviesamento deflacionista. O primeiro foi logo nos primeiros anos do euro quando se criou a ilusão que uma crise nos Estados Unidos não afectava a Europa. Enquanto do outro lado do Atlântico se reduziam juros, aqui teve-se a coragem de aumentar. Para depois ir a correr baixar os juros, verificando que afinal a crise nos Estados Unidos estava a afectar a Europa.

 

Todos esperamos que não seja tarde de mais. Que não tenham, o BCE e alguns líderes europeus, condenado a Zona Euro às décadas de prosperidade adiada do Japão. Tudo por causa de um irracional medo da inflação superior a 2%.

 

(Comentário rápido sobre a decisão do BCE)

Ver comentários
Saber mais BCE taxas de juro Mario Draghi
Mais artigos do Autor
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio