Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Draghi: "Não chegámos ao fim" do que podemos fazer

O presidente do BCE apresentou um pacote que poderá injectar mais de 400 mil milhões de euros no sistema financeiro. Se mesmo assim a inflação não acelerar na região, BCE está preparado para ir mais longe, e sacar da bazuca.

Bloomberg
05 de Junho de 2014 às 15:42
  • 11
  • ...

Mario Draghi anunciou hoje um pacote inédito de estímulo monetário e que inclui uma redução da taxa de juro central de 0,25% para 0,15%, uma taxa de juro negativa nos depósitos dos bancos em Frankfurt de -0,1% (caso único entre os maiores bancos centrais), vários empréstimos de longo prazo à banca para financiar a concessão de crédito à economia real, e ainda a garantia de taxas de juro baixas e de cedência de liquidez sem limites até pelo menos 2016, e um acelerar dos trabalhos preparatórios para um programa de compra dívida titularizada do sector privado.

 

O objectivo é claro: estimular a economia da Zona Euro e combater o risco de deflação na região. E se não chegar? "Não chegámos ao fim" do que podemos fazer, respondeu prontamente o presidente do BCE na conferência de imprensa que se seguiu à reunião de hoje do Conselho de Governadores.

 

"Nós pensamos que se trata de um pacote significativo, mas se me pergunta se chegámos ao fim caso seja necessário? Não", respondeu, sublinhando que no comunicado do Conselho de Governadores fica claro que "dentro do mandato" do BCE, os governadores estão dispostos a utilizar mais armas, nas quais se inclui a polémica compra generalizada de activos na Zona Euro (incluindo Obrigações do Tesouro) como já aconteceu no Reino Unido e nos Estados Unidos.

 

Esta é chamada bazuca do BCE, e ficará guardada apenas para uma situação em que mostre que os estímulos agora decididos não resultam numa aceleração da inflação. Uma avaliação dos efeitos das medidas agora adoptadas poderá levar "três a quatro trimestres", o tempo necessário segundo Draghi para que a injecção de liquidez possa chegar à economia real.

 

As decisões são um sinal inédito da preocupação em Frankfurt com o risco de inflação baixa se entricheirar nas expectativas dos agentes económicos. Em Maio, a inflação na Zona Euro ficou nos 0,5%, sancionando os mecanismos de alerta que estavam a tocar em Frankfurt. Hoje, o BCE reviu em baixa a expectativa de inflação para 2016, de 1,8% para 1,4%, longe da meta de inflação "abaixo, mas perto de 2%"

 

Nós pensamos que se trata de um pacote significativo, mas se me pergunta se chegámos ao fim caso seja necessário? Não
 
Mario Draghi

Ainda assim, Mario Draghi diz que as expectativas de inflação de médio prazo continuam firmemente ancoradas no objectivo que define o seu mandato, sublinhando que o Conselho de Governo "está fortemente determinado em garantir esta ancoragem", aprovando mais medidas se tal for necessário: "Conselho do BCE é unânime no seu compromisso com a utilização de instrumentos não convencionais dentro do seu mandato se se tornar necessário atacar mais o risco de um período demasiado prolongado de inflação baixa", afirmou na conferência de imprensa.

 

O BCE não vê deflação no horizonte, mas também não quer arriscar, deixou claro o Presidente. Por enquanto as taxas de inflação negativas em vários países da periferia são vistas com cautela, mas ainda assim como o resultado normal de um processo de ajustamento económico da região, mas "quanto mais tempo demorar uma recuperação da inflação, mais o Conselho de Governadores está em estado de alerta", afirmou.

 

Ver comentários
Saber mais Mario Draghi Zona Euro BCE Conselho de Governadores
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio