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17 de Junho de 2014 às 18:23

"A Torre de Basileia"

O título leva-nos a pensar que se trata de um romance, mas "A Torre de Basileia" é um trabalho de investigação de Adam LeBor, acerca do BIS – Bank of International Settlements (Banco de Pagamentos Internacionais).

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O BIS é, provavelmente, uma das instituições mais importantes do mundo, porém desconhecida por quase todos. Esse caráter de opacidade, algum secretismo e pouca notoriedade é propositado e está alinhado com os objetivos do banco. O objetivo do autor é, precisamente, dar a conhecer o BIS, contando a sua história, descrevendo as suas características e mostrando a sua influência crescente desde que foi fundado.

 

O BIS foi criado em 1930 pelos banqueiros centrais da Inglaterra e Alemanha com três objetivos: gerir os pagamentos de reparações da 1ª Guerra Mundial por parte da Alemanha (que entretanto foram perdoados), facilitar a cooperação entre os bancos centrais e agir como banco para os bancos centrais, nomeadamente custodiando ouro. O BIS é independente. Não responde a ninguém, nem a nenhum estado ou governo (nem mesmo à Suíça, onde tem sede). Apenas reporta aos seus acionistas, que são os bancos centrais. O BIS tornou-se numa instituição opaca, gerando uma classe que o autor denomina de "tecnocratas solidários" para quem as questões da soberania e do Estado são acessórias se comparadas com a estabilidade do sistema financeiro internacional. Adam LeBor coloca também o BIS na génese do projeto de integração europeia, nomeadamente a nível monetário e que levou à criação do euro. "O secretismo, a opacidade e a desresponsabilização – assim como o ouro – estão incutidos no ADN do banco", escreve LeBor.

 

À exceção do prefácio, o livro segue uma ordem cronológica, guiando-nos desde a criação do BIS, a sua afirmação, o papel muito polémico durante a 2ª Guerra Mundial e o caminho até à atualidade, passando pela criação da CEE, IME e zona euro.

 

Nos últimos anos têm sido publicados cada vez mais textos e opiniões acerca da existência de uma elite de cariz político-financeiro com grande influência do curso da História e da vida de todos. São contributos muitas vezes especulativos e conspirativos, que têm o objetivo de, a todo o custo, denunciar o recuo da Democracia e da equidade aos mais altos níveis de decisão. Em "A Torre de Basileia" percebe-se o tom crítico do autor, com algumas referências a simbologias das sociedades secretas. Pode ou não concordar-se com a sua opinião, mas o livro tem a vantagem de recorrer a factos conhecidos e documentados. Na pior das hipóteses, este livro é mais uma peça do puzzle que nos ajuda a compreender como o mundo realmente funciona.

 

 

 

Autor: Adam LeBor

Editora e Data: Bertrand (2013) – Original da Public Affairs (Maio de 2013)

Frase: "A influência do BIS é indireta, mas real"

Palavras-chave: "Palavra"; "Confidencialidade"; "Tecnocratas Solidários"; "Opacidade"; "Irmandade Global"; "Elite"; "imunidade"; "Estabilidade Financeira"

Apreciação: ****

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros

 

Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

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