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Querido, videoárbitro

Os seres generosos que acreditavam na verdade da tecnologia devem ter tido um curto-circuito após a primeira jornada. Nem o videoárbitro escapará aos Freddy Krueger do futebol português.

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Nota: Este artigo está acessível, nas primeiras horas, apenas para assinantes do Negócios Primeiro.

 

O videoárbitro ia trazer para o futebol, segundo as almas mais crédulas, a verdade desportiva. A tecnologia traria paz aos estádios, tento na língua aos directores de comunicação dos clubes e serenidade aos dirigentes. E descanso aos árbitros, que assim puderam varrer a sujidade da culpa para debaixo da cama de um deus tecnológico. Os seres generosos que acreditavam na verdade da tecnologia devem ter tido um curto-circuito após a primeira jornada. Nem o videoárbitro escapará aos Freddy Krueger do futebol português. Espera-se, para breve, que avance um "drone árbitro" para ajudar o videoárbitro que deveria corrigir os árbitros de campo.

Em Portugal, o futebol não muda: apenas se transforma. Uma das grandes capacidades dos seus dirigentes e assessores é apagar fogos com gasolina. As suas mãos são desastres naturais. Mas é o que temos. Mas este projecto-piloto (que está a ser testado em Portugal, porque países onde o futebol é levado mais a sério e onde se percebe que a emoção e simplicidade deste desporto não podem ser esmagados pela tecnologia esperam inteligentemente para ver) poderia agora aplicar-se a outras áreas da sociedade civil.

 

Ou seja: poderíamos ter clones de videoárbitros, estilo "Dolly árbitros" para perceber melhor o que, por exemplo, se passa em Oeiras. "Stop! Rewind!" Observámos os momentos em que os cidadãos assinam por Isaltino Morais. Seria por ele? Ou rubricavam um manifesto contra os tremoços gourmet? As dúvidas seriam tiradas como se fossem nódoas. E não haveria juiz, sendo ou não afilhado, que pudesse duvidar do "Dolly árbitro". Outro videoárbitro poderia ser utilizado para nos ajudar a perceber porque existe o SIRESP e porque, a acreditar no relatório sobre o incêndio de Pedrógão, o posto de comando escolhido não tinha rede de telemóvel. Notável. Se a isto tudo não se pode chamar incompetência galopante e organização inexistente, então o melhor é continuarmos a fingir que tudo funciona bem. É nestes momentos que percebemos que o videoárbitro é uma boa desculpa para os nossos erros.

 

Grande repórter

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