Opinião
O Irão e o futuro do petróleo
As sanções decretadas ao Irão pelos EUA têm que ver com a tentativa de Washington para que a União Europeia troque o gás e o petróleo russo pelo que deseja exportar para o Velho Continente.
A decisão da administração Trump de reforçar as sanções ao Irão (pressionando sobretudo as empresas europeias para que desinvistam no país) não pode deixar de estar ligada às profundas alterações no mercado a energia. E isso afecta directamente a estratégia europeia. O aumento substancial do preço do petróleo favorece a opção dos EUA de apostar no gás de xisto (cujos custos são maiores), e isso acaba também por ter implicações nas estratégias de grandes produtores como a Rússia e a Arábia Saudita. Estes dois países têm estado a debater se devem ou não aumentar a produção da OPEP para mais um milhão de barris diários de modo a contornar a queda abrupta da produção da Venezuela. E ambos pensam nas consequências que as sanções americanas podem ter na produção iraniana (apesar de esta poder ser escoada para a China e para a Índia). Acredita-se que dentro de três anos os EUA poderão ser totalmente auto-suficientes em termos de produção de petróleo. Esta já atingiu os 10,7 milhões de barris por dia, o suficiente para as suas necessidades. Face a isto, a UE está impotente: daí a reaproximação entre Angela Merkel e Emmanuel Macron de Vladimir Putin, com a questão de fornecimento energético russo em cima da mesa.
O domínio do dólar no mercado de petróleo é outra das questões. A UE quer começar a pegar o petróleo iraniano em euros. E parte da guerra comercial com os EUA tem que ver não apenas com o aço e o alumínio, mas sobretudo com as pressões de Trump junto de Merkel para que esta desista do "pipeline" Nord Stream II da Rússia para a Europa. Aqui a Gazprom tem um mercado lucrativo. E é aí que os EUA querem entrar, fornecendo gás à Europa. Só que o petróleo e o gás russo são certos, ao contrário do norte-americano, que colocaria ainda mais a UE refém dos EUA. Toda esta guerra pode ter também efeitos em países fulcrais da Ásia Central como o Cazaquistão, cujas exportações petrolíferas são feitas sobretudo através do longo Caspian Pipeline Consortium (CPC), onde Moscovo tem maioria accionista, mas onde há participações da Exxon Mobil e da Chevron (que poderão ser afectadas pelas sanções dos EUA à Rússia). A aliança energética da Europa com os EUA, com a Rússia ou com o Médio Oriente, vai assim ser determinante em muitas das movimentações futuras em termos das sanções à Rússia e ao Irão. E isto terá também que ver com a emergência do euro e do yuan como contrapontos ao dólar e aos seus ciclos, que tanto poder têm dado ao sector financeiro americano em detrimento de outros países. É por isso que a questão iraniana tem tanto que ver com a Europa.
Turquia: à espera das eleições
Faltam cerca de três semanas para as eleições na Turquia, que poderão ser das mais decisivas em termos do país desde há muito tempo. Cerca de 60 milhões de pessoas poderão votar para o lugar de Presidente e eleger os 600 parlamentares nas eleições de 24 de Junho. Desde logo estas eleições têm muito que ver com os fundamentos da Turquia e menos que ver com promessas económicas e sociais. A Aliança do Povo (formada pelo governamental AKP e pelos nacionalistas do MHP) tem como "slogan" um "Governo forte, um Parlamento forte", à volta da transformação do Presidente, que passaria a ser um elemento executivo. A Aliança da Nação (dos republicanos do CHP, do IYI e do SP) defende a reintrodução dos poderes do Parlamento para "fortalecer" a democracia. São dois sistemas opostos que vão a votos.
Tudo isso se conjuga com a estratégia dos principais candidatos, Racip Erdogan (o Presidente que quer ter claros poderes executivos) e Muharrem Ince, do CHP, candidato que tem sido uma surpresa, e que poderá levar a uma segunda volta nas presidenciais. Erdogan, desde 2002, tem ganho todas as eleições contra o CHP, mas agora parece ter encontrado um candidato inesperado. Resta saber que blocos poderão estabelecer-se no Parlamento, já que a oposição a Erdogan deseja ter uma presença forte capaz de contrabalançar o AKP. Isto num momento em que a economia turca parece estar a arrefecer e a estratégia externa de Erdogan suscitar dúvidas por estar envolvida em muitas alianças aparentemente contraditórias. Para já não falar do ressurgimento do conflito de Chipre por causa da divisão das receitas do petróleo e do gás e o reaparecimento das tensões no mar Egeu com a Grécia por causa dos limites das águas territoriais entre os dois países. Uma eleição que terá implicações muito fortes não só na Turquia, mas também na Europa, na Ásia Central e no Médio Oriente.
China: a favor do "blockchain"
O Presidente chinês Xi Jinping disse que a tecnologia "blockchain" pode ajudar a "redefinir o mundo". Ou seja, esta tecnologia (um sistema de registos que garante a segurança das operações realizadas por criptomoedas, as bitcoins) pode vir a ser a base de uma nova geração tecnológica que pode resolver os desafios climáticos, de comida e de energia. Num discurso para a elite de cientistas e engenheiros chineses, Jinping disse que poderemos estar próximos de construir uma nova "revolução científica e industrial".
Macau: casinos desaceleram
O crescimento da receita bruta dos casinos de Macau desacelerou em Maio para 12,1%, taxa de variação homóloga que compara com 27,6% em Abril e 22,2% em Março, segundo a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos. A receita em termos acumulados, isto é, de Janeiro a Maio, ascendeu a 127.727 milhões de patacas (15.965 milhões de patacas), valor que representa um crescimento de 20,1% quando comparado com o registado no período homólogo de 2017. Em 2017, a receita bruta do jogo em casino cresceu 19,1% em termos anuais para se cifrar em 33 217 milhões de dólares.
China/Angola: formação oferecida
A China oferece este ano formação a 200 quadros angolanos, através de acções de curta duração em áreas como agricultura, infra-estruturas, finanças, saúde, logística, minas, comunicação social, turismo, comércio e investimento. A próxima acção de formação decorrerá na China e contará com a participação de 17 quadros de diversos ministérios. A acção visa disponibilizar aos quadros angolanos mais conhecimentos sobre o estádio de desenvolvimento e das políticas económicas da China, bem como identificar novas oportunidades de negócios, tendo em vista o aprofundamento da cooperação económica e comercial bilateral.