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25 de Outubro de 2016 às 21:05

Futebol e política

Para Clausewitz, a guerra era a continuação da política por outros meios. Hoje pode dizer-se, sem exageros fáceis, que o futebol é a continuação da política por outros meios.

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Há por certo um clube e um país onde isso é mais visível do que nos outros. Falamos do Manchester United e de Inglaterra. Alex Ferguson, o celebrado treinador do clube durante tantos anos, sintetizou isso como ninguém: tornou o legado do Man United uma lenda, ao mesmo tempo que se tornou um conselheiro privilegiado de Tony Blair. A este explicava como gerir jogadores, formar uma equipa vencedora e liderar politicamente um país. Em determinada altura, Manchester United e Labour pareciam as duas faces da mesma moeda. Desde que Blair deixou de ser primeiro-ministro, o Labour nunca mais ganhou uma eleição. Desde que Ferguson abandonou o banco do Manchester, nunca mais o clube ganhou algo. Isto vem a propósito da derrota humilhante do clube, agora liderado por José Mourinho, frente ao Chelsea, um clube renascido através dos rublos russos. Mais do que o deprimente resultado, o que se viu foi um conjunto de jogadores que não são uma equipa e uma defesa que parecia um conjunto de espantalhos que não metiam medo a ninguém.

 

Durante os anos de Blair, a elite do Governo ia ver desafios. Alastair Campbell, conselheiro de Blair, levou então o "príncipe das trevas" do Labour, Peter Mandelson a um jogo entre Marselha e Bordéus, onde 50 mil adeptos saltavam ao som de "Jump" dos Van Halen. Mandelson, que não gostava de futebol, espantou-se: "Porque é que a política não consegue mexer as pessoas assim?" Não é difícil perceber porquê. O futebol cria empatia, emoção e solidariedade. A política deixou de o fazer. Isso é mais intrigante no Manchester United. A cidade de Manchester foi tudo. Um centro fundamental da Revolução Industrial. Um oásis da cultura musical a partir de finais da década de 70. Ligado a tudo isso está o Man United. É este legado, futebolístico e político, que está agora nas mãos de Mourinho. Conseguirá ele o milagre do renascimento?

 

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