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Entre os EUA, a Rússia e a Coreia

No meio da errante estratégia de Trump, Putin tem vindo a marcar pontos no Médio Oriente, sendo hoje a Rússia uma potência a ter em conta quando se fala do futuro da região.

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Nunca se entende bem o jogo de Donald Trump. Os choques com a China (e com a União Europeia) tornaram-se cada vez mais visíveis. Pelo contrário a aproximação à Rússia (apesar das investigações nos EUA devido a uma eventual interferência russa nas eleições presidenciais estarem em "ponto-morto") é visível. Na reunião do G7, numa jogada de antecipação, propôs a reentrada de Moscovo no clube de onde fora expulsa (voltando a ser G8). Os seus parceiros não concordaram, mas neste momento grande parte da guerra externa de Trump é contra os seus próprios aliados. Seja como for parece ser mais evidente que Trump deseja uma cimeira com Vladimir Putin. Trump acredita que é possível negociar, dentro da sua tese de "arte da negociação", com Putin. Talvez dentro do princípio que é assim possível dinamitar o alinhamento estratégico entre Moscovo e Pequim. A segunda quinzena de Julho é referida como plausível para essa cimeira, depois da participação, a 11 e 12 de Julho, de Trump na cimeira da NATO em Bruxelas, reunião que promete muitos choques.

 

No meio da errante estratégia de Trump, Putin tem vindo a marcar pontos no Médio Oriente, sendo hoje a Rússia uma potência a ter em conta quando se fala do futuro da região. Mas não só. A visita do Presidente sul-coreano Moon Jae-in, para ver o jogo do seu país com o México, serviu para se encontrar com Putin. A Coreia do Sul deseja que a Rússia tenha também uma palavra activa na desnuclearização da península coreana. Mas há também a questão económica. Sobretudo a possibilidade da ligação da Rússia à Coreia do Sul através de pipelines que transportem gás natural russo. Em cima da mesa está também um acordo de comércio livre. E nesses campos o território da Coreia do Norte é importante. A possibilidade de ligação via gás natural e electricidade terá de passar pela Coreia do Norte, algo que já tinha sido falado durante a presidência de Kim Dae-jung (1998-2003). Com a actual "detente" esta energia seria uma forte alternativa de importação de energia para a Coreia do Sul.

 

A exportação de produtos agrícolas ou industriais faz também parte de um cenário mais vasto de acordos. A ideia é atingir os 30 mil milhões de dólares em comércio e um milhão de turistas entre os dois países em 2020, contra os 19 mil milhões de 2017. A relação da Rússia com a península coreana é antiga. Depois de ter tornado possível a criação da Coreia do Norte após a II Guerra Mundial, a Rússia e Estaline abandonou-a a sua sorte durante a guerra coreana, deixando a Mao Tsé-tung a possibilidade de salvar a nação de Kim Il-sung. E depois do colapso da União Soviética, a Rússia sempre foi um actor menor na Coreia do Norte. Novos tempos estão aparentemente a chegar.

 

A pretensa liberalização da Arábia Saudita

 

Têm sido visíveis as formas propagandísticas de utilização da possibilidade de as mulheres poderem agora conduzir carros na Arábia Saudita, talvez o país mais conservador do mundo, mas que merece a "compreensão" dos EUA ou do Ocidente. O país era o último do mundo onde a proibição vigorava, o que dá uma noção da lógica wahhabista que governa o reino. O levantamento da proibição pelo rei Salman foi visto no Ocidente como uma "reforma" do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman (o responsável pela intervenção no Iémen, com os resultados humanitários desastrosos conhecidos e o coordenador do "rapto" do primeiro-ministro libanês). A ideia é fazer transparecer que a Arábia Saudita se está a transformar numa sociedade "liberal" e aberta. Ao contrário do Irão…

 

O certo é que esta "liberalização" do regime foi acompanhada de uma campanha de repressão sobre os dissidentes, muitos deles que lutaram a favor do fim da proibição. Agora estão na cadeia. Espera-se entretanto que seis milhões de mulheres sauditas peçam para tirar cartas de condução. A ideia é que, em 2020, três milhões de mulheres sauditas já possam conduzir, apesar de resistências várias, mesmo a nível familiar. As mulheres com mais de 18 anos poderão agora conduzir e as que tiverem licenças de outros países do Golfo poderão também pedir licenças sauditas. Num país onde a segregação é notória, as autoridades vão contratar mulheres-polícia para a área do tráfego pela primeira vez. Por trás da liberalização há também um ideal económico: é que ela sirva para estimular a economia, com mais carros comprados, tal como seguros de viação. E permitirá às famílias poupar milhões de dólares em condutores, que até aqui tinham de conduzir as mulheres sauditas.

 

Turquia: Erdogan com maioria

 

O Presidente turco Recep Erdogan venceu as eleições presidenciais turcas de domingo, com mais de 50% dos votos, segundo resultados oficiais. O AKP, o seu partido, terá 295 deputados. O principal candidato da oposição, Murrahem Ince, que terá tido perto de 30%, pôs em causa os resultados. O seu partido, o CHP, terá 146 deputados. O partido pró-curdo HDP terá conseguido ter 11,3%, segundo os primeiros dados, ultrapassando a fasquia dos 10% para ter direito a ter lugares no Parlamento, e terá eleito 66 deputados, o que poderá pôr em causa a maioria do AKP no poder legislativo.

 

China/Portugal: entrada na Lusoponte

 

A Companhia de Investimento China-Portugal Global, subsidiária do grupo China Construction, assinou um contrato-promessa com a Teixeira Duarte - Engenharia e Construções, subsidiária a 100% do grupo Teixeira Duarte, para a compra da participação de 7,5% que este grupo detém na Lusoponte - Concessionária para a Travessia do Tejo. Foi acordado o preço de 23,3 milhões de euros para que o grupo chinês possa adquirir a participação na sociedade que detém a concessão das pontes 25 de Abril e Vasco da Gama, que ligam as duas margens do rio Tejo na região de Lisboa. A Teixeira Duarte, que acordou com a banca a venda de activos no valor de 500 milhões de euros a fim de reduzir o passivo, tinha já estimado alienar este ano o Lagoas Park, os 7,5% que tem na Lusoponte e os 9% que possui na Auto-Estradas do Baixo Tejo. n

 

China/Cabo Verde: financiamento da ZEE

 

O estudo da viabilidade da Zona Económica Exclusiva da ilha de São Vicente, em Cabo Verde, deverá ser dinamizado este ano, surgindo a China como o mais importante financiador deste projecto. Uma equipa de técnicos chineses esteve na ilha a estudar o projecto. Este tem a ver sobretudo com as possibilidades da zona marítima da ilha. A China está também a estudar as possibilidades de investir no sector agrícola de Cabo Verde.

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