Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião
20 de Fevereiro de 2018 às 19:06

Apontar e disparar 

Na sua imensa sapiência um dos mais notáveis jesuítas portugueses, o padre António Vieira, dizia que: "Uma união de pedras é um edifício. O edifício sem união é ruína."

  • 1
  • ...

O PSD, para lá da liturgia que confirmou Rui Rio como líder, é um edifício em movimento: não há ali uma união perfeita, como demonstraram à vez Luís Montenegro, Maria Luís Albuquerque ou Hugo Soares. Todos esperam, como pistoleiros ensonados à espera do grande tiroteio de O.K. Corral, o seu momento. Bem dizia Marques Mendes que o PSD é um partido diferente: ainda está a entronizar o líder e já está a olhar à volta para ver quem é que se segue. Isto, num mundo político normal, poderia ser um caso muito rentável para o doutor Freud. Mas Portugal nunca foi um divã político perfeito. Para já espera-se. Com um Governo sólido, o país pode dar-se a esse luxo. Mas Rui Rio tem de, rapidamente, depois de ter ido beber café e comer pastéis de nata com Marcelo e com António Costa, de mostrar o que quer. Para ser uma alternativa credível tem de apresentar um projecto nacional. Que diga, claramente, que reformas concretas deseja para Portugal. E quais são os princípios de que o PSD não abdica. Depois, tem de clarificar que liderança deseja para a bancada do PSD, algo que neste momento parece um concurso de beleza sem júri. Isto para já não falar da aparente estranha decisão de trazer Elina Fraga para a sua corte mais restrita.

 

Rui Rio precisa de ter um projecto de galvanização nacional. Algo que, claramente, ainda não tem. Até agora tem passado por ser um político misterioso, mas que pode ser facilmente confundido com o de alguém que não sabe para onde caminha em vez de, sabendo-o, não o dizer. Em política diz-se que esta imagem silenciosa revela alguém astuto. Só que Rio não tem muito tempo para continuar a alimentar este mito. As eleições aproximam-se e os próximos meses não são eliminatórias para o Festival da Eurovisão. São finais decisivas. Houve um político que disse: "Primeiro disparo, depois aponto." Até agora Rui Rio só apontou.

 

Grande repórter

Ver comentários
Mais artigos do Autor
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio