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A nossa psicopátria

Assunção Cristas critica o Governo porque "há pouco investimento público" nos comboios? Devemos rir ou apenas buscar o passado? A pós-modernidade é a mascote perfeita da política indígena.

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Num dos seus mais consistentes discos, "Psicopátria", os GNR tinham um tema visionário, "Pós-modernos". Definiam os tempos vindouros, aqueles onde hoje vivemos. São tempos pouco sólidos, de valores que foram centrifugados. Cantava Rui Reininho: "Os pós modernos agarram na angústia/E fazem dela uma outra indústria". António Costa, antes de fazer a rentrée do PS em Caminha, foi dançar a Vilar de Mouros ao som desses mesmos GNR. Vivemos no mundo da política pós-moderna e por isso a imagem substitui, na generalidade das vezes, o conteúdo. Não há comboios para a maioria da população que tem de os utilizar no seu dia-a-dia? Azar. Eles existem, quando são necessários. António Costa não está só na sua dança: vivemos de monólogos de políticos, sem ideias e sem soluções, reféns de críticas ocas. Assunção Cristas critica o Governo porque "há pouco investimento público" nos comboios? Devemos rir ou apenas buscar o passado? A pós-modernidade é a mascote perfeita da política indígena. É por isso que António Costa pode surfar todas as ondas negativas e seguir, certeiro, rumo a uma nova vitória eleitoral. Rui Rio esqueceu-se da prancha em casa e Assunção Cristas tem uma prancha demasiado vistosa para conquistar o eleitorado centrista. Por isso Costa vai aprovar o OE de 2019, nesta ópera bufa, em que o BE foi encostado à parede com o "caso Robles" e agora tem de ir para Paris para criticar Mário Centeno por este ter comprado um fato no pronto-a-vestir de Bruxelas e achar que agora fica um verdadeiro homem do mundo. E o PCP refugia-se na sua guerrilha habitual, para ganhar algo e para não perder tudo.

 

António Costa gere com habilidade a nossa psicopátria. Consegue iludir-nos, dizendo que a austeridade já acabou. Quando todos sabemos que a pobreza continua: olhe-se para a CP, para o SNS, para o nível salarial da maioria dos portugueses. Portugal é o exemplo mais perfeito desta política pós-moderna dos nossos dias: onde todos rejeitam responsabilizar-se pelas suas próprias decisões. Por isso, António Costa pode dançar. 

 

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