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02 de Abril de 2015 às 09:46

Uma maioria intermitente

Esta foi uma das crónicas mais complicadas de escrever desde que tenho memória. Escrever sobre o resultado das eleições da Madeira é como tentar descrever uma imagem num caleidoscópio

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Esta foi uma das crónicas mais complicadas de escrever desde que tenho memória. Escrever sobre o resultado das eleições da Madeira é como tentar descrever uma imagem num caleidoscópio: em segundos, tudo muda. Vamos lá deixar aqui claro isto, senhores Madeirenses: uma coisa é esperar uma hora pelos Açores, outra é andar 72 horas a mudar quem venceu as eleições e a rescrever crónicas.


A história é digna das últimas eleições no Sudão do Sul. Vejamos. Depois do PCP ter pedido recontagem de votos perante um resultado que o tinha deixado a 5 votos de eleger mais um deputado, numa primeira decisão, conhecida na terça-feira cerca das 20h00, o PSD tinha perdido um deputado, para a CDU, e a maioria absoluta na assembleia regional da Madeira. Para muitos portugueses, era a confirmação de que, mais uma vez, a realidade estava desfasada dos números do PSD. Na minha humilde opinião, sempre me pareceu que poncha e contar votos é uma mistura explosiva.


A verdade é que, por momentos, tivemos o nosso "morreu o Fidel". Ao fim de 40 anos, e uma recontagem, a Madeira alcançava a liberdade. Já havia quem estivesse a enfiar cravos vermelhos nas urnas de voto e parecia que Passos tinha conseguido o impossível: depois de retirar o BES das mãos da família Salgado, tirava a Madeira das mãos do PSD. Mas não era bem assim.


Duas horas mais tarde, era anunciada uma nova maioria do PSD, dado que tinha sido detectado um erro informático e não tinha sido considerada a votação de Porto Santo. Portanto, temos uma maioria intermitente do PSD na Madeira. Depois da lista VIP, agora isto, este país está nas mãos dos informáticos.


Entretanto, Leonel Nunes, mandatário da CDU, veio de imediato dizer: "Qual erro informático???, mal saímos daqui desapareceram logo 10 votos. Com a simplicidade de ver duas ou três urnas e as chapeladas que lá encontrámos, basta imaginar nas outras". Ou seja, chegámos ao momento em que até um simples acto eleitoral parece ser tirado de um país da África central - até a Guiné Equatorial está incomodada com uma coisa destas. É sabido que pessoas afastadas da democracia têm sempre problemas com votos.


Ainda assim, depois de 40 anos de poder, Miguel Albuquerque conseguiu a proeza de perder a maioria do PSD durante duas horas. Foram duas horas em que o pai deixou sozinho os madeirenses enquanto foi comprar tabaco, e muitos suspiraram de alívio quando voltou. W

 

 

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Meia dúzia de votos

 

1 Cavaco Silva veta lei da cópia privada - Anonymous trocam máscaras de Guy Fawkes por máscara de Aníbal. Aposto que isto foi pressão do assessor do PR, Blanco de Morais, que tem o disco rígido cheio de mamalhudas a jogar boxe.


2 "Encontrado vídeo de passageiro que filmou queda do avião da Germanwings". Quero é saber a marca do telemóvel de quem filmou o que se passou no avião - o meu caiu da cama e puf! Aposto que o telemóvel tinha capa - a minha ex estava sempre a dizer para usar a capa.


3 Mariana Mortágua sobre o BES "muito do que aconteceu é legal" - é isto. Mas só é legal com muito dinheiro.


4 Furtos por carteiristas aumentaram 36,3%" - o aumento do turismo a ajudar todos.


5 Cavaco, Passos, Portas e Núncio na lista VIP - Governo festejou o dia das mentiras descerrando uma lápide com a Lista VIP.


6 Victor Freitas anunciou a sua demissão da liderança dos socialistas madeirenses na sequência dos resultados das eleições de domingo - PS-M é o partido do carro de cestos.

 

 

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