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22 de Dezembro de 2017 às 10:35

Uma reflexão de Natal

A pergunta que mais vezes me fazem, a seguir a "Quadros, como é que aos 53 anos tens esse corpo escultural?", é "Quais são os limites do humor?". Acho que os limites do humor são aquilo que deve ser ultrapassado sem darmos por isso.

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É Natal e eu gostava de fazer uma crónica que unisse todos os povos do mundo ou que, pelo menos, reduzisse a metade os insultos nos comentários, se bem que, do meu ponto de vista, os insultos são melhor do que palmas. Palmas, qualquer um bate, seja ao que for, inclusive ao discurso do nosso patrão, que não podemos ver à frente. O insulto é algo que sentimos necessidade de fazer. Quer dizer que não ficámos na mesma. Que mexeu connosco. Por isso, agradeço desde já a todos os que, nos comentários online, me têm motivado a continuar a mexer convosco. O Natal é isto, gratidão (e algumas greves).

A ideia era fazer uma crónica politicamente correcta, mas o politicamente correcto, hoje em dia, não tem o mesmo grau de aprovação do politicamente incorrecto. Imaginem que eu fazia uma piada que envolvesse o PM Costa e uma consoada com chamuças. A ausência de graça, e a referência xenófoba, era compensada pelo meu atrevimento e capacidade de ser livre e de rejeitar o politicamente correcto, mesmo sacrificando princípios.

A pergunta que mais vezes me fazem, a seguir a "Quadros, como é que aos 53 anos tens esse corpo escultural?", é "Quais são os limites do humor?" Eu acho que os limites do humor são aquilo que deve ser ultrapassado sem darmos por isso. É uma coisa natural porque não sabíamos que havia limites.

É diferente de fazermos uma piada apenas porque queremos chocar quem tem esses limites. Uma espécie de bimby da piada politicamente incorrecta. Pomos uma lésbica, um gay, um deficiente, um judeu, um forno, um tipo a morrer de fome, uma mãe que perdeu um filho e umas pitadas de pedofilia, e temos material que faz de nós um comediante livre e sem barreiras. Achincalhar as minorias faz de nós homens corajosos.

Ninguém nega a existência de uma espécie de polícia do politicamente correcto das minorias, mas lembro-me que sempre existiu uma do politicamente correcto das maiorias. Sou do tempo em que "sketches" com bichas era na maior, mas um com o Santuário de Fátima dava origem a cancelamento de programa. Apesar de achar que Fátima é uma cena um bocado bicha. É como a Amália e a Madonna. Cá está, uma "piada" que é politicamente incorrecta e que pode ser ainda mais se eu disser que é uma "piada" que dá para os dois lados.

Tenho a certeza de que se Hitler fosse vivo, hoje, seria considerado um tipo politicamente incorrecto e sem papas na língua e escreveria para o Observador, ia à RTP 3, jogava padel com o David Dinis e estava em quase todos os Prós e Contras e a Fátima tratava-o por Doutor Adolfo.

Esta era para ser uma crónica de Natal porque eu gosto muito de vocês, estimados e magníficos leitores, e era suposto ser a minha prenda. Pela vossa cara, vejo que preferiam Mon Chéri, mas o que conta é a intenção. Bom Natal.

top-5


Politicamente incorrectos

1. Raríssimas. CDS-PP insiste em questionar Vieira da Silva por escrito - já fizeram com fotos, agora façam com desenhos dos filhos da Cristas.

2. PSP com ordem para fazer revistas surpresa na rua no Natal e Ano Novo - querem descobrir se vão receber meias.

3. Príncipe herdeiro saudita comprou a propriedade mais cara do mundo por 275 milhões - e o mais incrível é que não é em Lisboa.

4. Pela primeira vez em quase oito anos, os mercados financeiros colocaram os juros portugueses abaixo dos italianos - Il diavolo.

5. Cristas reitera exigência de esclarecimentos sobre participação da Santa Casa no Montepio - O CDS está na fase qual Fitch?! Não levantaram a argola da sanita!



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