Opinião
Tirar lições da crise para melhor proteger os contribuintes portugueses
O que o sr. ministro Santos não explicou no seu artigo é porque está a desviar mais de 3 mil milhões de euros de fundos dos contribuintes de hospitais e escolas, enfermeiros e professores de Portugal, para que possa deitar tudo pela sanita abaixo com a TAP, que aceitará todos estes subsídios sem nunca os devolver.
O sr. ministro Pedro Nuno Santos afirma que a aviação é um “setor estratégico” para as economias europeias, e também que “as nossas companhias aéreas garantem a conectividade entre os Estados-membros”. São estas as suas razões para desperdiçar milhares de milhões de euros de fundos dos contribuintes portugueses na TAP: uma companhia aérea pequena, falhada e com tarifas elevadas, que está atualmente a reduzir salários, postos de trabalho e rotas. Esta justificação é muito pobre e desprovida de realidade.
Portugal, a sua conectividade, e o futuro dos seus empregos bem remunerados, bem como do turismo, não dependem de subsidiar a TAP, uma companhia falhada e com tarifas elevadas, que o seu Governo avalia em apenas 100 milhões de euros (compraram 45% da companhia por apenas 45 milhões de euros no ano passado). O futuro de Portugal depende de o sr. ministro Santos proporcionar as infraestruturas vitais pelas quais é responsável, o que permitirá às companhias aéreas de tarifas baixas como a Ryanair (enorme investidor e contribuinte em Portugal que cria milhares de empregos) colocar mais aviões no Montijo, transportando 5 milhões de passageiros por ano e criando 5.000 novos postos de trabalho em Lisboa.
Atualmente, a Ryanair investiu mais de 2 mil milhões de euros em aviões nas suas bases situadas em 4 aeroportos portugueses – Lisboa, Porto, Faro e Ponta Delgada. A Ryanair duplicou a sua base no Porto quando a TAP fechou a sua há apenas dois anos. A Ryanair oferece mais de 120 rotas de e para Portugal no verão de 2021, enquanto a TAP, com as suas tarifas elevadas e subsídios do Governo, oferece menos de 70 rotas. Quando se trata de “conectividade”, esta é assegurada por companhias aéreas como a Ryanair, e não por companhias viciadas em subsídios como a TAP.
O que o sr. ministro Santos não explicou no seu artigo é porque está a desviar mais de 3 mil milhões de euros de fundos dos contribuintes de hospitais e escolas, enfermeiros e professores de Portugal, para que possa deitar tudo pela sanita abaixo com a TAP, que aceitará todos estes subsídios sem nunca os devolver. Como importante contribuinte português, a Ryanair acredita que as suas receitas fiscais geradas em Portugal deveriam ser utilizadas para aumentar salários de enfermeiros e professores portugueses até aos níveis usufruídos pela tripulação de cabina da Ryanair (entre 30.000 e 40.000 euros por ano). O sr. ministro Santos deveria investir os nossos impostos na abertura de infraestruturas turísticas como o aeroporto do Montijo, sobretudo quando a Ryanair não consegue crescer no aeroporto da Portela (Lisboa) porque o sr. ministro Santos afirma que está “em capacidade máxima” (embora a TAP tenha reduzido a sua frota em 30%, mas não tenha libertado slots).
Se o sr. ministro Santos quer gastar o seu dinheiro na TAP, essa é a sua escolha política e o seu Governo deve ser responsabilizado. No entanto, desviar 3 mil milhões de euros dos escassos fundos dos contribuintes durante a crise da covid-19 de hospitais, escolas, enfermeiros e professores portugueses, para que os possa desperdiçar numa pequena companhia aérea de bandeira, que oferece apenas tarifas elevadas, menos conectividade, cortes salariais e de postos de trabalho, não é uma utilização sensata dos escassos fundos governamentais. O sr. ministro Santos deveria deixar de criticar companhias aéreas como a Ryanair que estão a investir, a crescer e a pagar impostos em Portugal, e deveria sobretudo deixar de desperdiçar milhares de milhões de euros de fundos numa companhia aérea de tarifas elevadas e falhada como a TAP.
O futuro da conectividade e do turismo português reside nas companhias aéreas de tarifas baixas como a Ryanair, e não em companhias viciadas em subsídios como a TAP.