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Portugal deve integrar o Banco Asiático de Investimento

As relações internacionais deste início do século XXI são cada vez mais marcadas por duas variáveis de grande importância. A primeira tem que ver com a noção de multipolaridade, especialmente marcada pela emergência da China como "player" a nível global e da Ásia como novo centro.

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A segunda com a importância de relações de igualdade e de "ganha-ganha" entre os Estados.

 

É à luz destas duas variáveis que julgo deve ser analisada e decidida a adesão de Portugal como membro fundador do Banco Asiático de Investimento em Infra-estrutura, impulsionado pela China, criado para colmatar a falta de capacidade de respostas das organizações existentes para financiar os 8 biliões de dólares necessários em infraestrutura no continente asiático até 2030.

 

Com um capital inicial de mais de 50 mil milhões de dólares, essencialmente financiados pela China, este novo banco assumirá um papel determinante no desenvolvimento asiático e é fortemente criticado (e a meu ver mal) pelos Estados Unidos como uma nova estratégia expansionista do antigo Império do Meio. Sim, é verdade que a criação de tal instituição é uma resposta política chinesa à falta de capacidade de abertura e de flexibilidade das instituições hoje existentes (tanto o Banco Mundial como o FMI), mas também é necessário reconhecer que o Ocidente pouco tem feito para reconhecer à China o papel que de forma natural deve assumir no mundo.

 

De notar também que, ao contrário da Rússia, a China é cada vez mais uma potência responsável e estabilizadora no contexto global. Vários países tradicionais aliados dos EUA, como é o nosso caso, já anunciaram a sua decisão de aderir a esta instituição. Parceiros insuspeitos como o Reino Unido, a Alemanha, a França ou a República da Coreia anunciaram ou sinalizaram a sua decisão de se juntar, mesmo com forte oposição americana. Qualquer país (ou mesmo qualquer empresa para o caso) que queira ter uma estratégia global tem de ter uma estratégia asiática.

 

Portugal tem, neste contexto, uma excelente oportunidade de assumir um  papel responsável e ser membro fundador desta nova instituição e, sem depreciar a nossa relação com os EUA, cuidar do seu lugar na Ásia, ajudando também as nossas empresas nestes mercados. Por fim, esta decisão também assume particular importância pelas recentes relações económicas e políticas entre Portugal e a China.

 

Quando o atual Governo abriu, e bem, o capital de várias empresas portuguesas aos investidores que tinham maior capacidade de investir e que no caso eram chineses, decidindo não fazer um jogo típico no Ocidente de fechar a porta à China, Portugal ganhou o respeito da China como um parceiro sério, amigo e responsável (como de resto já o tinha feito na transição de Macau). Portugal é hoje um parceiro moderno apreciado em Pequim (onde a nossa diplomacia económica é das mais ativas) devendo por isso, à nossa escala e na sua medida, retribuir a confiança que a China teve com Portugal (como bem reconhecia o secretário-geral do Partido Socialista) num dos nossos momentos mais difíceis. É importante que a China e a Ásia vejam que o nosso país está bem melhor do que há quatro anos, e que é um país onde vale a pena continuar a investir.

 

Portugal não pode perder esta oportunidade!

 

Vice-presidente do Partido Popular Europeu

 

Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

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