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01 de Fevereiro de 2013 às 11:29

O PS voltou aos mercados

Finalmente, voltámos a ouvir falar do PS e de oposição! Infelizmente, durou pouco e tudo aconteceu dentro do próprio PS.

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Finalmente, voltámos a ouvir falar do PS e de oposição! Infelizmente, durou pouco e tudo aconteceu dentro do próprio PS.


Não perdi um segundo da transmissão, em directo, da porta da sede no Largo do Rato. Vi Jorge Lacão e Marcos Perestrello comprarem a revista "Cais" a um vendedor com olho para o negócio. Grande ideia: impingir a "Cais" a políticos que, como estão a ser filmados, não podem recusar. Seria politicamente incorrecto enxotar o vendedor. Só o deputado Ricardo Rodrigues se atreveria a receber a revista e ir embora sem pagar. Honestamente, aquele vendedor foi a única pessoa com uma estratégia bem definida que passou por aquela porta. Ou isso, ou o vendedor da "Cais" era Sócrates disfarçado. Estava a controlar e a passar mensagens no interior da revista. Dizem que ele chegou na cegonha das 16:30 ao aeroporto de Beja.


Como as imagens eram apenas do exterior da sede, restava a oportunidade de ir vendo o que dizia quem entrava e saía. E foi mais ou menos assim.


Seguro chegou cedo e calado. Consta que tinha estado reunido com Godinho Lopes para traçar estratégias. De seguida, começaram a chegar aqueles a quem já chamam os Seguristas - mas a quem eu prefiro chamar os Tózés. A coisa descontrolou-se. Houve palavras fortes: "irresponsabilidade"; "deslealdade"; "pôr em causa exercício das suas funções"; "clarificação" e, a certa altura, o ar crispado era tanto que se tornava difícil distinguir os seguranças dos homens de Seguro. Cheguei a pensar que só havia uma maneira de evitar o confronto físico: Soares ter uma recaída. 


A noite avançava e, de dentro da Casa, chegavam notícias de que Seguro queria fazer a desratização do Rato, um contra-senso. O ainda líder do PS anunciava a recandidatura contra o "regresso ao passado" - e conquistava o coração do "Correio da Manhã". Na Tvi24 asseguravam que Seguro tinha dado um murro na mesa. Tudo o que nos era dito, para nosso espanto, fazia crer que Seguro era um duro. Como é possível?! - pensava eu. O Seguro, que eu conheço, dava um murro na mesa e a mesa dava-lhe um estalo e punha-o de castigo dentro do armário. A verdade é que Seguro transformou-se num duro assim que entrou na sede do PS. O Tó Zé é como aquele tenor do filme do Woody Allen*, só consegue ser líder quando está a tomar duche. Entre as quatro paredes do aparelho partidário, ele fala mais alto que todos. Passos Coelho que vá ter com ele à sede do Rato a ver o aviamento que leva. 


Quando fui para a caminha, António Costa, supostamente, anunciava que só avançava para a liderança se Seguro não conseguisse unir o partido… portanto, Costa dizia que era candidato se Seguro não conseguir unir o partido desunido pela sua candidatura... foi isso que percebi, mas também já tinha sono.


De manhã, ao acordar, a história já não era bem assim. Estava tudo como dantes. António Costa era candidato à Câmara da capital e Seara continuava a treinar para dizer "Lisboa". Não me espanto. Tudo leva a crer que estamos numa fase de pausa numa guerra que fica para resolver mais tarde. É um momento de falsa calma, antes da tempestade, sempre adiada. Vamos chamar-lhe fase Costa concórdia.

 

 

* No filme "Para Roma com Amor", a personagem Giancarlo é um muito talentoso tenor, mas só consegue cantar bem debaixo do chuveiro. A solução é actuar enquanto toma duche, fazendo entrar uma banheira no palco. Vão ver.

 

 

 

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