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Goodbye, London. Hola, Madrid!

Até há pouco menos de um ano, empresa que queria mostrar ser "empresa", abria um escritório em Londres e iniciava aí a sua busca por capital "a sério".

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Na City, junto das mais glamorosas "private equities" e capitais de risco, cada uma delas tinha apenas uma ambição: juntar dezenas ou centenas de milhões às suas estratégias e aos seus sonhos. 

 

Até há pouco menos de um ano, Londres era a capital da Europa. Vibrante, multicultural, recheada de recursos e a duas horas de voo das principais cidades europeias. Por todos estes motivos é que Londres se transformou, nas últimas décadas, na maior praça financeira global da indústria de "private equity" e capital de risco.

 

Mas, em pouco menos de um ano tudo mudou. Hoje, Londres, já não é a capital de um mercado de 450 milhões de consumidores, mas apenas de 64 milhões, que se encontra em plena dissolução (atente-se às últimas notícias que vêm da Escócia) e é a "sede" de um mercado que se fecha hoje à Europa e, com probabilidade, amanhã, ao mundo. Como tal, Londres já não se justifica como base operacional de uma empresa internacional e, certamente, não irá conseguir manter o nível de influência do passado.

 

Se, no longo prazo, a economia é um jogo de soma positiva, no curto prazo imperam os jogos de soma nula. O prejuízo de uns transforma-se, assim, em retorno de outros. Cidades como Paris, Madrid e Berlim posicionam-se de forma agressiva para substituírem Londres.

Para as empresas portuguesas, que atualmente procuram crescer, através de uma abertura do seu capital, junto dos principais "players" mundiais, a estratégia tradicional de que "Londres serve para tudo e serve para todos" encontra-se, como dizem os anglo-saxónicos, "on hold". Mas as empresas têm horror ao vácuo e as estratégias empresariais não podem esperar pelas definições das indefinições que a política e as suas opções colocam.

 

Como tal, Madrid, tem aparecido no mapa mental dos empresários portugueses. E muito bem. Não é Londres, é certo, mas está perto e há capital. Há também menos concorrência e Espanha tem ainda uma outra vantagem que é a de conhecer muito melhor Portugal e o seu tecido empresarial. Tem abertura e capacidade para entender e valorizar as estratégias ibéricas que, com naturalidade, se expandem para o resto da Europa e fazem ainda um "plus" junto da América Latina e Brasil.

 

Ao observar esta nova tendência, não consigo deixar de questionar porque não foi sempre assim. Menos concorrência, maior conhecimento, maior abertura, mais sinergias, maior convergência de mercados, maior interseção de objetivos e de estratégias.

 

Apetece perguntar: afinal, andamos em Londres a fazer o quê? Escolhemos o longe e o difícil em detrimento do mais fácil e do mais perto.

 

O Brexit tem também esse efeito: faz-nos descobrir e avaliar novas opções que, possivelmente, nos ajudarão a ficar melhor. E há ainda a forte probabilidade de algumas "private equities", capitais de risco e grandes empresas escolherem Madrid como localização alternativa a Londres. Logo, é bem possível que as empresas portuguesas tenham tudo a ganhar.

 

Estou certo de que um eventual crescimento de Madrid na indústria do capital de risco e "private equity" introduz claros benefícios para as empresas portuguesas e, em particular, para toda esta nova geração de empresas tecnológicas que estão a consolidar-se em Portugal. 

 

A nova oportunidade parece estar aqui ao lado. Mais fácil e mais conveniente. Daqui a poucos anos uns dirão "gracias", outros "obrigado", mas todos dirão "goodbye".

 

Senior Partner - Private Equity & M&A

 

Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

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