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Covid-19: desafios ao comércio internacional

Cabe aos empresários portugueses capacidade de adaptação, esforço e criatividade e às associações empresariais, nesta etapa, prestar todo o apoio necessário às empresas para uma melhor resposta ao desafio que a Covid-19 supõe.

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A pandemia motivada pela expansão da Covid-19 desencadeou o pânico nos agentes económicos e parece estar a encaminhar o mundo para uma nova crise global, afetando diretamente o comércio internacional. Segundo a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), a Covid-19 provocou, em fevereiro, uma contração de 2% na produção industrial da China (maior exportador do mundo) e a OCDE já reviu em baixa as projeções de crescimento económico mundial (passou de 2,9% para 2,4%).

 

O comércio internacional está a desacelerar, com dificuldades no abastecimento a várias indústrias e com uma contração acentuada na procura. Neste contexto, assistimos ao cancelamento de inúmeras feiras, encontros empresariais e viagens, reduzindo drasticamente as interações entre empresas, o que poderá acabar por repercutir-se nos seus resultados. A suspensão de eventos como a Mobile (Barcelona), o Salão Automóvel de Genebra e a ProWein (Düsseldorf) põem em evidência a diversidade de setores afetados.

 

Partindo do princípio de que os mercados externos continuarão a ser fundamentais a uma parte considerável das pequenas e médias empresas e de que as exportações não irão sucumbir, os agentes económicos terão que se adaptar a curto-prazo. Os últimos vinte anos dotaram-nos com ferramentas de comunicação à distância e com uma redução acentuada dos custos das comunicações internacionais. No setor dos serviços, em especial nas tecnologias de informação (naturalmente), a comunicação remota foi-se impondo com normalidade, mas ainda subsiste alguma resistência, sobretudo em áreas em que o contacto com o produto é fundamental.

 

O atual momento obriga-nos a agir rapidamente na procura e na consolidação de modelos alternativos de comunicação e de facilitação dos negócios. No campo da prospeção em mercados externos, é necessário reagir e desenvolver formas de contacto para evitar a perda de potenciais clientes e para compensar o cancelamento de feiras e de missões empresariais individuais e coletivas. Devemos ter em conta que esta é uma crise global e que as empresas dos outros países também a estão a sentir, pelo que a recetividade a novos modelos de interação é agora maior.

 

Cabe aos empresários portugueses capacidade de adaptação, esforço e criatividade e às associações empresariais, nesta etapa, prestar todo o apoio necessário às empresas para uma melhor resposta ao desafio que a Covid-19 supõe. Programas que inovem e encurtem distâncias, que facilitem este passo e que coloquem ao serviço da indústria e dos serviços novas oportunidades de escoar os seus produtos, serão mais necessários do que nunca.

 

Professor universitário, Presidente da Câmara de Comércio Portugal - Atlântico Sul

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