Opinião
Barroso, lítio e transição energética - resolver os problemas, moldando o futuro
O lítio pode ser o que temos esperado: na sua forma mineral, não tóxica, não perigosa, e as reservas conhecidas podem poupar até três décadas de emissões. Portugal tem quase meio por cento das reservas descobertas no mundo.
Em Glasgow, os líderes mundiais debateram o desafio colectivo do planeta, pondo em questão como as empresas podem liderar este processo, encorajadas pelo desenvolvimento humano, ciência e tecnologia que, só em conjunto, podem ajudar a procurar soluções.
É no mesmo contexto de procura pelo bem global que devemos olhar para o lítio, um mineral utilizado há décadas nas indústrias farmacêutica e cerâmica. Foi um dos primeiros elementos a ser classificado como estabilizador do humor em medicamentos, utilizado em antidepressivos e no tratamento do distúrbio afectivo bipolar. Os cientistas consideram o carbonato de lítio uma promessa encorajadora na proteção contra a doença de Alzheimer e outras demências. A investigação científica vai continuar. Enquanto fundente na indústria cerâmica, o lítio reduz a temperatura de fusão. Ao permitir cozinhar a temperaturas mais baixas, poupa energia e reduz as emissões de carbono.
Hoje também se sabe que o lítio, utilizado no fabrico de baterias, permite o armazenamento de energia limpa. E não seria novidade dizer que todas as baterias de telemóveis contêm lítio. Por conseguinte, utilizamos lítio diariamente nas nossas vidas.
O lítio pode ser o que temos esperado: na sua forma mineral, não tóxica, não perigosa, e as reservas conhecidas podem poupar até três décadas de emissões. Portugal tem quase meio por cento das reservas descobertas no mundo.
A sua grande utilização será nos transportes, onde tornará possível evitar uma boa parte das emissões de carbono. Os veículos eléctricos necessitam deste componente para armazenar energia e ter uma maior autonomia. A Europa também quer uma maior autonomia energética e as reservas e indústrias em território europeu podem, e devem, contribuir para isso.
A tecnologia actual não permite apenas a utilização de lítio em dispositivos e objectos do dia-a-dia. Também torna a exploração do lítio mais responsável e mais amiga para o ambiente e para as comunidades. Hoje, através da inovação tecnológica e das boas práticas de gestão, conseguimos reduzir significativamente o ruído e a poeira, os efeitos mais impactantes em qualquer exploração desta natureza. Conseguimos assegurar o reflorestamento em vinte anos, removendo e conservando a primeira camada de solo retirada para chegar à rocha.
A tecnologia também permite a cada habitante estar profundamente envolvido na protecção da região. Através de uma aplicação, os cidadãos podem observar e controlar os níveis de ruído, qualidade do ar ou da água, pois a operação pode afectar temporariamente a área.
E depois, cabe-nos a nós, investidores e empresários, partilhar com as comunidades alguns dos benefícios obtidos com o lítio. E é aqui que a discussão deve começar.
Artigo em conformidade com o antigo Acordo Ortográfico