Opinião
A vez do Brasil, uma alternativa de investimento
O Brasil quer mudar no sentido de extinguir as preocupações dos investidores estrangeiros.
Eis-nos chegados ao ano 2013.
Já que afinal sobrevivemos a 2012, não nos podemos contagiar pela triscaidecafobia! Explico-me, caros leitores: triscaidecafobia corresponde ao medo (irracional) do número 13.
Pois… a crise económica, a incerteza sociopolítica, a instabilidade no cenário empresarial têm de ser considerados factores constantes nos vossos planos de negócios e, como tal, continuar a aguardar por um céu mais azul e límpido quer no cenário interno, quer no cenário internacional, é receita certeira para novo falhanço!
Caro leitor, deixe lá de superstições, pois é hora de investir, apostar, expandir, alcançar novos horizontes! E o B da vez continua a esperar por si… B de BRIC (1)… B de Brasil.
De acordo com o resultado da 15ª Pesquisa Anual de Líderes Empresariais de 2012 (15th Annual Global CEO Survey), o Brasil é indicado como o terceiro país mais importante numa perspectiva expansionista e de desenvolvimento. Note-se, ainda, que o Brasil tem sido uma presença constante nesta lista.
É verdade que nem tudo são flores… A falta de adequada qualificação dos profissionais locais, a ainda inadequada infraestrutura básica, o excesso de regulamentação e a complexa e excessiva malha tributária brasileira constituem as principais preocupações relativamente ao investimento no Brasil. Contudo, a boa notícia é que o Brasil esteve atento às críticas e aponta para mudanças no sentido de colmatar as preocupações dos investidores estrangeiros e recuperar a confiança algo abalada!
Para esse efeito, note-se a preocupação da presidenta (2) do Brasil, Dilma Rousseff, designadamente no início da segunda metade do seu mandato, com a viabilização da reforma tributária e uma consequente redução da carga fiscal; com a realização de novas obras de infraestrutura; com a implementação de um pacote de incentivos e recurso a medidas que garantam liquidez no mercado, bem como com a disponibilização de verbas para o investimento.
Acresce, ainda, que o fenómeno do aumento contínuo da classe C brasileira fortalece o Brasil como o país da vez. De acordo com o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - na classe C está incluída a população brasileira cuja renda familiar mensal esteja compreendida entre 4 a 10 salários mínimos (salário mínimo = R$ 622 / mês, aproximadamente 235 euros / mês, durante o ano de 2012; actualizado para R$ 678 / mês, aproximadamente 255 euros / mês, a partir de 1 de janeiro de 2013). O aumento da classe C advém, maioritariamente, da mobilidade social da população da classe D (cuja renda familiar mensal está compreendida entre 2 a 4 salários mínimos), que, com o aumento do nível de rendimento, modificou o respectivo padrão de consumo, passando a consumir em maior quantidade e maior diversidade, que lhe era antes inatingível. Esse fenómeno pode ser claramente observado nas telenovelas brasileiras, como, por exemplo, na telenovela Avenida Brasil.
Responsável por boa parte do crédito mal parado em 2012, a classe C deve, contudo, voltar a recorrer ao crédito já em 2013. E, se poderá haver alguma incerteza quanto à maior prudência dos consumidores desta classe, é certo que continuará a ser a classe C um dos propulsores da tendência de alta de compra de bens e serviços no Brasil.
O investimento no Brasil, em comparação com a prestação de serviços ou a venda de bens a partir de Portugal, proporciona, por um lado, o aproveitamento de todo e qualquer benefício fiscal disponível para investigação e desenvolvimento a nível local e, por outro, fortalece as relações com o cliente local.
Quando se pensa sobre a estruturação da entrada no Brasil, o mercado de fusões e aquisições (F&A) é uma realidade, sendo que, de acordo com a 8ª Pesquisa de Líderes Empresariais Brasileiros (pesquisa esta que integra a 15ª Pesquisa Anual de Líderes Empresariais de 2012), a entrada via F&A representou para 14% dos líderes empresariais brasileiros a principal oportunidade de crescimento. Acresce que, ao contrário do que se demonstra internacionalmente, boa parte dos líderes empresariais brasileiros (cerca de 37%), mantêm-se convictos que as F&A constituem a principal oportunidade de crescimento.
Posto isto, caros leitores, é tempo de esperança, mas sobretudo, é tempo de ação! O Brasil lá está para ser redescoberto e nós cá estamos para ajudá-lo a chegar a bom porto!
E, inspirada pelas palavras da Senhora Presidenta Dilma Rousseff, os votos de um "pibão grandão" para nós também!
(1) países do BRIC: Brasil, Rússia, Índia, China
(2) nos termos da Lei nº 12.605, de 3 de abril de 2012
Ana.Gisela.Santoro@pt.pwc.com