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17 de Janeiro de 2014 às 09:49

A marquise da Independência

Agora é que é. Vem lá o adeus à troika. A data da cerimónia já está marcada: é a 18 de Maio, na varanda do Palácio da Independência.

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Agora é que é. Vem lá o adeus à troika. A data da cerimónia já está marcada: é a 18 de Maio, na varanda do Palácio da Independência. Oficialmente, a cerimónia começa com Paulo Portas a empurrar o representante do FMI, Subir Lall, da varanda abaixo. Não se preocupem, Subir Lall não vai estragar a calçada portuguesa. É tudo encenado. Debaixo da varanda vão estar colchões. Subir Lall ainda vai voltar a aparecer mais tarde.


18 de Maio não é um dia qualquer. É o dia do nascimento de João Paulo II (vi na Wikipedia). Estas coisas não acontecem por acaso. Este milagre tinha de ter a mãozinha de alguém. Não sei não. À teoria da mão invisível de Mario Draghi, provavelmente há economistas que contrapõem a teoria da mão do além de Karol Wojtyla. Tenho a certeza que economistas como João César das Neves, João César das Neves e João César das Neves - só para citar alguns - veriam com bons olhos esta alternativa.


Eu só acredito no que vejo. Por isso é que tanto o 18 de Maio, como o 13, não me dizem nada. Tenho tão pouca confiança na irmã Lúcia como na Maria Luís, e não acho o discurso do Marco António Costa mais convincente que o do pequenito Francisco. Não deposito a menor confiança nos videntes que nos governam e não tenho fé nenhuma nos milagres da Cova da Iria. Basta recordar que o nosso Presidente da República, em tempos, disse que a 7.ª avaliação foi inspiração da Nossa Sra. de Fátima, e sabemos o inferno que aconteceu depois.


Independentemente da data, o que me mais me custa ver é a má educação de Portas e de muitos outros membros da coligação. A minha avó punha uma vassoura virada ao contrário, atrás da porta da cozinha, quando queria que as visitas se fossem embora. Era horrível (e mais importante, não resultava), mas, pelo menos, as visitas não sabiam. Na coligação, fazem relógios, enormes, a contar o tempo que falta para as visitas - que eles sempre receberam com sorrisos - abandonarem a casa.


O indivíduo que ficou responsável pela relação com a troika faz um relógio com contagem decrescente para se ver livre deles. Portas estende a mão ao Subir e diz - Olá, está bom? - Estou bem, obrigado. Tem horas que me diga? - diz o funcionário 364747 do FMI - Tenho sim, senhor Subir - diz Portas, e acrescenta - faltam 2448 horas e dezoito minutos para vocês bazarem. Não se faz. Não é correcto, até porque, para além da troika, eles são turistas. Estava o turismo tão bem… se os indianos sabem que fizemos um relógio a contar o tempo para um deles se ir embora, é bem capaz de ser contraproducente. Ainda nos acusam de racismo.


Se isto é assim agora, imagino quando faltar um mês para o 18 de Maio. Vamos ter Paulo Portas a dizer: "Já passei as fronteiras da minha paciência para aturar o FMI! Acabou-se. De agora em diante, vamos cortar-lhes o wireless, ninguém serve mais bicas ao Subir e não enviam mais champô para galgos para a Lagarde!"

 


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Sinais positivos da semana


 1  Cristiano Ronaldo vence Bola de Ouro, Messi 2.º, Ribéry 3.º - Se o Ribéry vencesse a Bola de Ouro, seria o equivalente a David Lynch vencer um óscar.


 2  "Estudo apurou que 10,5% dos homens portugueses têm falta de interesse sexual" - são expressões como "falta de interesse sexual" que tiram a vontade. É conversa demasiado técnica. Se telefonarem a perguntar, entre gemidos: "Diz-me, meu mangalhão, gostas de coisar à doida?", vão obter uma percentagem muito diferente.


 3  "Austeridade perigosa para a segurança nacional: Secretas de mãos atadas para fazer contra-espionagem" - Agente 0,07.


 4  CDS Algarve queixa-se de cobrança de refeições em excesso num Restaurante da Mealhada - Felizmente, em breve, o CDS vai voltar a ser o partido do táxi e acabam as confusões com as contas: é a dividir por 4.


 5  "Affaire de Hollande ameaça tornar-se assunto de Estado" - Confirma-se: Hollande é um Strauss-Kahn sob o efeito de soporíferos.

 

 

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