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A imparável onda de inovação na nova economia azul

“Isto dos Descobrimentos não se fizeram indo a acertar”, frisou o emérito Pedro Nunes algures no século XVI. Não temos medo em errar - mas temos de estar sempre conscientes de não nos esquecermos de aprender com o erro. Sendo assim na nossa ação, Portugal será uma imparável onda de inovação na nova economia azul!

A economia azul tem um potencial de crescimento muito assinalável, devido à multitude de setores que a compõem: pescas, aquacultura, transformação de pescado, portos, transporte marítimo, turismo, energias renováveis oceânicas, biotecnologia azul, enfim. Sendo assim, parece que, à primeira vista, é um setor propenso à atração de investimento e de geração de novos negócios.

 

Mas não é bem esse o caso. Apesar de registar um crescimento regular anual em Portugal (em média, até 1% anual desde 2012), de acordo com a conta-satélite da Economia do Mar, publicada pela Direção-Geral da Política do Mar (DGPM) e pelo Instituto Nacional de Estatística, e também de se verificar a mesma tendência no espaço da União Europeia, o facto é que investir na economia azul continua a ter um risco elevado.

 

E porquê? Primeiro, devido ao contexto do meio natural onde o investimento é implementado. O mar é o ambiente mais hostil à atividade humana depois do espaço sideral. O meio líquido marinho é instável, a salinidade corrói os materiais, a pressão impiedosamente esmaga ao passo que a profundidade aumenta, a comunicação faz-se primordialmente por sinais acústicos e visualização de imagem em situação física de elevada limitação.

 

Segundo, pela assimetria de informação existente não só do ecossistema marinho (ainda há muitos "gaps" de dados sobre o mar), mas também nos diversos setores que constituem a economia do mar. Isto é, como investidor, se quero focar o meu capital nas energias renováveis oceânicas e no transporte marítimo, vou ter muito melhor informação sobre o último setor, devido a este ter maior maturidade. Mas mesmo no "shipping", essa informação é estreita, pois é uma indústria ainda muito alicerçada no paradigma "o segredo é a alma do negócio".

 

Para mitigar a assimetria de informação no mercado da economia azul, e facilitar um ambiente de confiança que conduza a uma melhor conexão entre investidores e inovadores, o Fórum Oceano lançou o Hub Azul Dealroom no passado dia 22 de maio, a primeira plataforma digital para negócios da economia azul do mundo, no contexto da sua missão como responsável pela coordenação e desenho do modelo de negócio da Rede Hub Azul Portugal, em articulação com a Presidência do Conselho Estratégica do mesmo, presidido pela DGPM.   

 

Com quase 1100 startups listadas em 10 setores da economia azul e com mais de 1200 fundos de investimento registados, a plataforma Hub Azul Dealroom funciona com base num motor de inteligência artificial avançado que não só atualiza automaticamente a base de dados, como também fornece uma poderosa ferramenta de "matchmaking" de investidores com startups.

Mas as funcionalidades não se ficam por aqui. O utilizador pode ter as suas listas de monitorização de empresas, fundos de investimento e aceleradores personalizadas, como também pode consultar os valores de mercado e rondas de investimento por setor de economia azul, segundo a categorização usada pela Blue Invest da Comissão Europeia. E as startups já podem também incluir um "pitch deck" no seu perfil para aumentar a atratividade junto dos investidores, sendo possível também identificar aquelas cujo modelo de negócio cumpre o "Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14 – Vida debaixo de Água".

 

O acesso ao Hub Azul Dealroom é gratuito e é um primeiro resultado concreto do financiamento PRR em execução pelo Fórum Oceano, na missão que lhe é consignada como entidade gestora do Cluster do Mar Português e que aumentará em muito o valor dos nossos serviços aos nossos associados, posicionando-nos cada vez mais como uma associação empresarial fornecedora de serviços de inovação de valor acrescentado para a economia azul sustentável.

 

Prova da confiança nesta rota de navegação é a associação da Caixa Geral de Depósitos, da Euronext Lisbon, da Startup Portugal, do Katapult Ocean, do Porto de Lisboa e da Blue Invest da Comissão Europeia como "co-igniters" do Hub Azul Dealroom.

 

Mas não podemos embandeirar em arco e esquecer a humildade que tão estratégica é para construirmos um projeto truísta.

 

"Isto dos Descobrimentos não se fizeram indo a acertar", frisou o emérito Pedro Nunes algures no século XVI. Não temos medo em errar - mas temos de estar sempre conscientes de não nos esquecermos de aprender com o erro.

 

Sendo assim na nossa ação, Portugal será uma imparável onda de inovação na nova economia azul!

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