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Portugal para os turistas de hoje

Somos uma geração de pessoas habituadas ao estímulo contínuo. Quando saímos de casa sem um telefone temos uma sensação de estar "nus". Os aparelhos digitais são como extensões do nosso corpo, "upgrades" dos nossos sentidos.

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No entanto, continuamos a separar as experiências digitais e as físicas como se fossem mundos distintos. Há que repensar este posicionamento nos vários sectores e o turismo, pela importância que tem, vai certamente ser um dos primeiros.

 

Portugal tem realizado excelentes esforços no desenvolvimento do turismo. Eu que vivo uma parte do ano fora do país escuto muitas vezes com orgulho como somos um dos destinos mais "cool" actualmente. No entanto, em muitas áreas o turismo está a ficar para trás. Cidades pouco interactivas têm dificuldade em atrair uma nova geração com os velhos monumentos. Ao mesmo tempo a constante busca pela individualidade de muitos turistas torna obsoletos os tradicionais guias e mapas oferecidos na cidade. Novos modelos de negócio como é o caso da Uber e do Airbnb estão a alterar as regras do jogo. Se muitas vezes os novos "players" jogam em vazios legais e com armas não tão claras, no caso específico da Uber que utiliza designações alternativas ao serviço de táxi para não ter de obter alvarás, estes modelos estão a provar ser cada vez mais eficientes. Mais do que combatê-los juridicamente, os "players" tradicionais têm de usar as suas armas. Muitas outras indústrias, como é o caso da música, sector onde trabalhei nos Estados Unidos, passaram por estas mudanças, pelo digital. 

 

É o momento correcto para a mudança e há três passos fundamentais:

 

- O acompanhamento ao largo de todo o "tourist journey" - há que apoiar o turista desde a fase em que começa a sonhar com a viagem, a sua marcação, acompanhá-lo enquanto está na cidade, e depois quando regressa a casa tentar vender o regresso ao nosso país ou que recomende aos amigos;

 

- O enriquecimento da experiência - aponte a câmera do  seu telemóvel numa praça em Óbidos e veja cenas de como era a vida na época; ou passeie por Alfama guiado pelo GPS ao som de Madredeus, da banda sonora de "Lisbon Story" que tantos turistas atrai a Lisboa. Uma experiência que integra todos os canais; 

 

- A recolha e a análise de dados - ao controlarmos todo o percurso do turista podemos recolher dados muito valiosos, segundo o perfil podemos ver onde vão as pessoas, que informação e experiências gostam mais, e entender em detalhe os comportamentos. Estes modelos baseados em dados onde todas as interacções com o turista são medidas e analisadas, vão ajudar a melhorar significativamente a qualidade dos serviços no turismo, e personalizar a oferta a cada turista. Vamos poder prever comportamentos e  personalizar o nosso país para cada turista com experiências mais ricas e completas. Um Portugal para cada um que tem como resultado final turistas mais felizes e satisfeitos e com isso mais receitas.

 

Um caso interessante são as estâncias de esqui como Whistler no Canadá em que desenvolveram uma aplicação que mede desde a velocidade nas pistas de esqui, a fazer percursos segundo a habilidade do esquiador e a preferências gastronómicas. Vai esquiar pistas azuis e vermelhas durante o dia e ao meio-dia pára no restaurante de sushi no meio das pistas (já reservado directamente na aplicação também).

 

Ao contrário de algumas críticas, não vamos perder o nosso passado, pelo contrário vamos restaurá-lo e levá-lo a um número muito maior de pessoas. Portugal, uma jóia do passado, do presente e do futuro.

 

Partner litsebusiness.com e professor de e-commerce e marketing digital na Nova SBE

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