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18 de Dezembro de 2016 às 20:30

Gerir a CGD: tarefa "hercúlea"

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) tem estado novamente em foco nas últimas semanas/meses, mas por razões negativas, o que já vai sendo habitual nos últimos anos, desde que começou a crise financeira.

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A CGD é um banco público, mas que tem sido gerido ao longo dos anos tal como os bancos privados, cometendo os mesmos erros de negócio, alavancagem da actividade e de concessão de crédito, facto que levou a instituição a ter elevados prejuízos nos últimos anos.

 

Eu não defendo a existência de um banco público. Em muitos países europeus não há bancos públicos e os EUA não necessitaram de um banco público para salvar bancos em dificuldades. Mas, já que alguns insistem na necessidade da existência de um banco público, pelo menos que se escolham responsáveis competentes e com coragem para colocar as questões no seu devido lugar.

 

O nome que se fala agora dispensa apresentações, pela gestão seguida no sector privado e na administração pública. Já conheço o Dr. Paulo Macedo desde a década de 80, quando fomos colegas no ISEG, embora em anos diferentes.

 

O que lhe posso desejar é o mesmo que o comum dos portugueses: muito boa sorte. Que endireite uma casa complicada, mas cuja tarefa vai ser "hercúlea". Penso que o desafio que vai ter agora em mãos é capaz de ser o mais difícil tendo em conta os que já teve.

 

E vai ser uma tarefa muito complicada, porquê?

 

Em primeiro lugar, o CEO da CGD é sempre uma pessoa sujeita a um constante escrutínio público, sujeita a pressões políticas e vai lidar com um contexto da banca nacional muito difícil.

 

Em segundo lugar, o crédito malparado é elevado no sector bancário e a CGD não foge à regra, o que vai obrigar a tomar medidas que não serão fáceis relativamente aos créditos incobráveis. A CGD tem uma grande dimensão no país e tem relação com muitas empresas e grupos económicos, alguns dos quais em dificuldades económicas e financeiras, pelo que, a recuperação do crédito não será fácil.

 

Por outro lado, a selecção do crédito a conceder tem de se pautar por critérios racionais e criteriosos de gestão.

 

Em terceiro lugar, o plano de recapitalização da CGD foi preparado e negociado pelos antecessores, portanto, não houve a oportunidade de lhe dar um certo cunho pessoal. As medidas de fecho de balcões e de dispensa de pessoas (chamem-lhe reformas antecipadas, rescisões amigáveis ou pura e simplesmente despedimentos) são processos que já aconteceram em todos os bancos e revelam-se bastante sensíveis, mais agora, porque a CGD é um banco público.

 

Em quarto lugar, a equipa vai estar pressionada cá dentro, mas também lá fora para a apresentação de resultados positivos a breve prazo pelo que, a determinação, a coragem, a frontalidade e a objectividade vão ser atributos muito necessários.

 

O contexto financeiro não é fácil. Todos nós sabemos as dificuldades da banca e que se repercutem negativamente na evolução económica de Portugal.

 

A economia portuguesa necessita de uma banca saudável e proactiva no financiamento do investimento, variável macroeconómica maltratada nos últimos anos e muito necessária para o crescimento do PIB.

 

Economista

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