Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião

Rio com sombra de Passos

Apesar das dificuldades e de alguns tiros no pé do Governo, o PS continua com uma vantagem confortável nas sondagens. O PSD não aproveita os deslizes do executivo e os partidos de direita somados estão longe da maioria. Rio resiste na liderança do partido, mas o regresso de Passos é desejado por muita gente de direita.

  • ...

Rui Rio tem um problema político que as desastradas referências irónicas não resolvem. O PSD não está a capitalizar votos, mesmo num ano de pandemia, com a economia a sofrer uma queda brutal, o desemprego a aumentar, a TAP a precisar de um bilhete milionário suportado pelos contribuintes, fragilidades expostas no Serviço Nacional de Saúde e escândalos como o homicídio de um cidadão ucraniano no aeroporto que estava sob custódia do SEF. Na sondagem publicada esta semana pelo Correio da Manhã e Jornal de Negócios, o PS até sobe nas intenções de voto, enquanto o PSD cai.

 

À direita, o Chega dispara nas intenções de voto e a Iniciativa Liberal tende a ganhar espaço, enquanto o histórico CDS se afunda.

 

Rio até podia sonhar como uma traquitana nacional à moda dos Açores, que copiou o modelo da geringonça. O PSD não precisava de ter mais votos do que o PS, desde que os partidos de direita tivessem mais deputados na Assembleia da República do que a Esquerda. Mas isso está longe de acontecer. Na sondagem do CM e Negócios, os partidos de direita conseguem juntos quase as mesmas intenções do voto do que o PS sozinho, tendo o Bloco e PCP enfraquecidos a chave da maioria, o que significa que a réplica do anticiclone político dos Açores ainda não é viável a nível nacional.

 

Neste contexto, a intervenção pública de Pedro Passos Coelho na semana passada teve impacto. No âmbito das comemorações dos 150 anos do nascimento do fundador da CUF, Alfredo da Silva, o ex-primeiro ministro fez um discurso eficaz e  assertivo. Arrasou o governo.

 

Passos Coelho está longe de ser uma figura consensual no país, mas tem um inegável capital político. Na direita é um líder que vale mais do que o PSD atual, tem apoiantes naturais  desde o CDS à Iniciativa Liberal e mesmo André Ventura que numa entrevista desejou o seu regresso às lides políticas seria prejudicado porque o ex-primeiro-ministro poderia travar o crescimento do Chega.

 

Pedro Passos Coelho tem gerido com mestria o grande capital político que dispõe. É quase sete anos mais jovem do que Rui Rio, demasiado novo para dizer nunca a um regresso à política partidária.

 

Rio vai resistindo e não é impossível que se permanecer tempo suficiente na liderança do partido chegue a primeiro-ministro, à custa do desgaste do governo. Aposta numa vitória de Pirro, mas até agora e apesar de tantos erros do governo e do custo da crise pandémica, o PS ainda tem uma vantagem confortável.  E no próximo ano há bons sinais para o Governo: a economia vai recuperar e os milhões da bazuca podem consolidar ainda mais o poder de António Costa. Rui Rio precisa mais do que ironia para inverter a sorte política.

 

Saldo positivo: vacina contra a Covid-19

A autoridade europeia do medicamente já deu luz verde à primeira vacina contra a covid-19 e este domingo começará a campanha de vacinação em Portugal. É um sinal de esperança para debelar a peste que destruiu tanta riqueza, levou ao desespero tanta gente e matou já tantas pessoas. No próximo ano haverá mais vacinas e é previsível que comece a ser dominada a propagação desta pandemia, que mudou o mundo em 2020.

 

Saldo negativo: chacina na Torre Bela

A caça é uma tradição respeitável e é uma atividade económica importante, um motor de criação de riqueza em muitas regiões do País. E até pode ser mais potenciada com a atração de caçadores estrangeiros. Mas as imagens dos animais mortos na Torre Bela, Azambuja, não contam a história de uma caçada. Relatam uma chacina indiscriminada de centenas de animais, que nem sequer tiveram hipótese de fugir. Um massacre condenável.

 

Algo completamente diferente: Natal, uma tradição adaptada em tempo de vírus

 

Há muitos séculos que o Natal, que celebra o nascimento de Jesus, mas que é a continuação das festas pagãs, ainda mais antigas,  associadas ao solstício do inverno, marca  a tradição do Ocidente. Nem as pestes anteriores, nem as guerras obrigaram a uma mudança tão brusca como o coronavírus. Apesar das autoridades permitirem as reuniões familiares em Portugal cada família tem obrigação de se proteger. Reuniões alargadas podem ameaçar os natais futuros. Por isso tenham cuidado. Feliz Natal.

Ver comentários
Mais artigos do Autor
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio