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As fragas no sapato de Rui Rio 

O antigo autarca do Porto cometeu um erro de "casting" ao escolher a ex-bastonária da Ordem dos Advogados que dividiu o partido. A primeira impressão do consulado de Rio é a fraga no sapato. 

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Rui Rio não gosta de futebol, prefere o automobilismo, mas se quiser ser líder do PSD por muito tempo é melhor que esteja atento às metáforas futebolísticas, caso contrário arrisca-se a uma corrida rápida na rampa de um partido que convive mal com as derrotas e com a ausência de poder.

 

Isto significa que, se em 2019 vencer as legislativas, não tem de se preocupar com as divisões do partido. Não há nada melhor para garantir a unidade do que o poder. Mas se não ganhar, cumpre-se a profecia repetida ainda na véspera da reunião magna por Miguel Relvas. Como acontece aos treinadores de futebol que não ganham, os líderes do PSD derrotados em eleições sujeitam-se às chamadas "chicotadas psicológicas".

 

Também neste Congresso emergiu o potencial rival de Rio. Luís Montenegro é de uma geração mais nova, tem no seu currículo a liderança parlamentar do PSD, com uma defesa brilhante do executivo de Passos Coelho. 

 

Montenegro foi leal e disse olhos nos olhos a Rio que o PSD tem de vencer as legislativas, caso contrário está implícito que o político de Espinho vem a terreiro lutar contra o ex-autarca do Porto.

 

Do discurso de Rio destacam-se os princípios correctos em matéria de economia e a ponte para necessários acordos de regime abrangentes com o PS.

 

O Congresso do PSD chumbou a ideia de um bloco central, mas a política é também a arte de gerir as circunstâncias e, se não vencer as legislativas, só sobreviverá no poder do partido se conseguir uma aliança com António Costa.

 

Mas Rio tem de se preocupar com o plano A, que é apresentar uma proposta credível aos portugueses para poder lutar pela vitória nas legislativas. A situação não lhe é favorável, porque enquanto a economia crescer e os juros estiverem muito baixos, António Costa continuará a ser o líder partidário mais popular.

 

Também se costuma dizer que ninguém tem segunda oportunidade para causar boa impressão e algumas escolhas de Rio são incompreensíveis. O novo líder do maior partido da oposição é teimoso e insistiu na polémica ex-bastonária dos advogados para vice-presidente. Provavelmente mais de 90 por cento dos congressistas não sabiam que Elina Fraga era militante do partido e só se lembravam dos conflitos com a ministra da Justiça do governo PSD-CDS, Paula Teixeira da Cruz. Mas Elina também prejudica o maior ativo de Rio: o homem rigoroso nas contas escolheu para a sua equipa uma mulher que em termos de gastos ficou com uma imagem de despesista na Ordem dos Advogados.

 

Saldo positivo: menos endividamento 

 

Há menos alavancagem na economia, pelo menos nas famílias e nas empresas privadas. Em 2017, pelo quinto ano consecutivo registou-se um alívio no endividamento destes agregados. A baixa do endividamento só não é mais acentuada por causa do Estado, que continua a gastar e a endividar-se como se ninguém tivesse de pagar a conta. As famílias, apesar do novo "boom" do crédito à habitação, revelam ter mais bom senso e racionalidade do que a maioria dos  políticos que decidem sobre o nosso dinheiro. 

 

Saldo negativo: Manuel Heitor

 

O ministro que tutela a Ciência e o Ensino Superior quer reduzir a entrada de alunos nas universidades e politécnicos de Lisboa e Porto para aumentar o número de alunos das escolas superiores das cidades do interior. A intenção até é boa e legítima, mas a solução pode ser desastrosa. Reduzir a oferta nas duas maiores cidades também significa reduzir o investimento em prestigiadas instituições, que competem não apenas à escala nacional, mas global. Haverá outras maneiras de beneficiar o interior.

 

Algo completamente diferente: Palavras de Ruy Belo no Teatro Aberto   

 

Ruy Belo é um dos grandes poetas universais que nasceu em Portugal. Morreu há quase 40 anos e a sua obra não tem tido a atenção que merece. O Teatro Aberto, em Lisboa, tem em cena uma nova produção "Um Dia Uma Vida", a partir do poema homónimo do poeta. Com encenação de Marta Dias, as palavras de Ruy Belo são recriadas em palco através das histórias de quatro personagens que se entrecruzam. Ainda não vi, mas as referências são muito positivas, o que é normal dado que as palavras do poeta têm uma dimensão sublime e as produções do Teatro Aberto têm um selo de qualidade. 

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