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27 de Junho de 2017 às 00:01

Dentro de meses já ninguém se lembra

Em Agosto do ano passado, depois de uma semana negra de incêndios, o Presidente Marcelo afirmou que seria necessário encontrar com urgência soluções imediatas pois caso contrário "dentro de meses já ninguém se lembra".

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Pois parece ter sido o que aconteceu. E voltará certamente a acontecer a avaliar pelas afirmações que ouvimos nos últimos dias.

 

Desta vez temos a menos a origem criminosa dos incêndios e a mais a falha do SIRESP. Tudo o resto está igual. Falhas na coordenação e na logística, o desordenamento e a falta de limpeza das florestas, o anúncio de condições climatéricas invulgares raramente desencadeia medidas de prevenção adicionais.

 

Lembro-me de ter escrito nessa altura que era tempo de estabelecer prioridades para minorar o problema no futuro. Lembro-me, entre outras, da necessidade de investir num cadastro moderno e atualizado. Temos empresas e tecnologia em Portugal capaz de o fazer com rapidez e qualidade; de definir a responsabilidade dos proprietários, públicos e privados, que não se podem esquecer que lhes está vinculado um dever que se consubstancia no compromisso económico e social para com a comunidade. Por esse mundo fora existem inúmeros modelos de gestão da floresta de natureza pública e/ou associativa que ajudam a tornar a floresta rentável e organizada; de apostar nas autarquias enquanto entidades que pela sua proximidade melhor podem realizar a prevenção. Mas para isso o Governo terá de transferir recursos financeiros adequados e, complementarmente, disponibilizar regularmente outros dispositivos (por exemplo, as forças militares);

 

A imagem do Governo não foi boa. Pouco importa. A oposição no seu registo habitual. Pouco importa. O Presidente presente a distribuir afetos. Pouco importa. O que importa é que nada disto volte a acontecer. Como bem dizia na televisão uma velha senhora residente numa dessas aldeias abandonadas, "a paisagem está toda negra e nós por dentro também estamos assim".

 

Jurista

 

Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico 

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