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As três Europas: social, digital e verde

Os vetores fundamentais para a Europa do futuro passam pelo reforço e modernização do modelo social europeu, pelos investimentos sustentáveis e com preocupações ambientais, e pela digitalização, que é uma oportunidade de mudança e também é um mercado potencial, através dos seguros de riscos cibernéticos.

12 de Novembro de 2021 às 14:00
José Galamba de Oliveira diz que a poupança de longo prazo é um problema na Europa do Sul. David Cabral Santos
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"Estamos a viver um momento único, falamos muito em resiliência e recuperação europeia, que está na agenda de todos, mas estas três vertentes, a Europa social, verde e digital, são vetores fundamentais para a resiliência e recuperação europeia", referiu José Galamba de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Seguradores, durante o Live Lab Seguros, que se realizou a 26 de setembro e em que se deu o lançamento da 8.ª edição dos Seguros em Portugal, uma iniciativa anual do Jornal de Negócios dedicada ao setor segurador e em parceria com a Liberty Seguros e o Grupo Ageas Portugal que debateu os seguros em três vertentes: a Europa social, a Europa verde e a Europa digital.

A Europa social vem do passado, "esta construção europeia foi montada em cima do chamado modelo social europeu, tem uma longa história, somos uma zona do mundo que temos cartas a dar e somos invejados pelo que se conseguiu a nível europeu, mas a verdade é que os desafios continuam a ser muitos. Em geral a poupança é baixa, com exceção dos países nórdicos, mas na Europa do Sul temos um problema com a poupança de longo prazo", disse José Galamba de Oliveira.

Na questão da poupança, Portugal tem tido taxas muito baixas nos últimos vinte anos e sempre em queda, o que pode ter consequências no futuro, em que as pensões podem ter cortes profundos entre o último salário e a primeira pensão. Em momentos de crise recupera um pouco, disse José Galamba de Oliveira. De facto, segundo o Banco de Portugal, em 2020, a taxa de poupança das famílias atingiu 12,8% do rendimento disponível, um máximo desde 2002.

O caminho verde e digital nos seguros

José Galamba de Oliveira afirma que em termos de Europa verde, hoje, há uma maior sensibilização do mercado para esta problemática dos investimentos sustentáveis. Como investidor institucional, o setor segurador tem um papel fundamental na construção da sustentabilidade. "Cada vez mais vemos as nossas companhias de seguros com preocupações acrescidas em introduzir critérios de sustentabilidade, os critérios ESG (conceito que integra as dimensões Environmental (Ambiente), Social (Social) e Governance (Governança empresarial)), na análise dos investimentos que fazem. Há alguma regulamentação europeia que propicia isso, e este caminho está ser feito no nosso país. Há emissões em Portugal nesse sentido que vão ajudar a avançar neste caminho." Nesse sentido já há várias grandes empresas portuguesas com emissão de obrigações sustentáveis.

O setor segurador tem investido muito na digitalização de processos internos, da comunicação ao cliente, e do próprio ciclo de vida do produto de seguros. "O que se provou que era uma direção e uma estratégia correta como a pandemia veio a corroborar", referiu José Galamba de Oliveira.

A verdade é que o setor, durante os confinamentos e com as várias restrições decretadas, funcionou sem grandes problemas, resolvendo os sinistros à medida que apareciam. "Mas também mostrou a urgência de que temos de fazer mais. Não se pode parar, é um caminho que temos de acelerar e cheio de desafios em especial com o aumento dos ciber-riscos", referiu José Galamba de Oliveira.

Neste aspeto dos ciber-riscos apresentam-se às seguradoras como um problema e como uma oportunidade de negócio. Por um lado, as seguradoras têm de proteger a informação e as bases de dados, "com informação muito rica sobre pessoas e bens que é o que está coberto através de contratos de seguro".

Mas o ciber-risco é um mercado com grande potencial e por isso têm de "oferecer produtos a terceiros, à sociedade e às empresas, em particular, para mitigar os riscos cibernéticos nas suas operações e nos seus sistemas.

É um mercado muito desenvolvido nos Estados Unidos e já com alguma preponderância no Reino Unido, mas na Europa é um caminho que tem de ser percorrido. Existe já oferta de produtos de seguros cibernéticos muito focada para as PME, para negócios mais pequenos, mas é um caminho que necessita de mais trabalho para as seguradoras".
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