- Partilhar artigo
- ...
"Há muitas pessoas que são injustas com o seguro porque o consideram o exemplo caro de imobilismo, mas na verdade é uma atividade que evolui com rapidez, dando, muitas vezes, o que se chama saltos quânticos, é isto que é uma seguradora" afirmou Pilar González de Frutos, presidente da Unespa (União Espanhola de Entidades Seguradoras e Resseguradoras), keynote speaker do live lab presencial, que marcou o início da 8.ª edição "Os Seguros em Portugal", uma iniciativa do Jornal de Negócios em parceria com a Liberty Seguros e o Grupo Ageas Portugal.
"O seguro é a sala de máquinas da sociedade e da economia, por isso é vital que estas realidades encontrem na instituição seguradora as necessidades e as respostas que têm. Por isso o seguro evolui tão rápido e radicalmente como acontece na sociedade e à economia que serve", disse Pilar González de Frutos.
Centrando a sua intervenção sobre a construção do lado social do seguro europeu. Há onze anos que a Comissão Europeia, através do Livro Verde sobre as pensões, concluía que se poupava pouco e que a poupança é fortemente assimétrica, e que nas poupanças estaria a haver a migração dos esquemas de prestação definida para a contribuição definida. A resposta europeia foi, segundo Pilar González de Frutos, modificou-se a diretiva das instituições de reforma coletiva para permitir a prestação transfronteiriça e desenvolveu-se o produto europeu de reformas, o PEPP.
Europa mais verde
Para Pilar González de Frutos dever-se-ia ir mais longe "mas não é algo que as instituições europeias possam fazer sozinhas". Defende que teria de se constituir "um conjunto de países para o bem-estar, uma política coordenada e o mais homogénea possível que, respeitando as peculiaridades de cada sociedade, a sua cultura financeira e a sua história, trabalha-se a favor da poupança".
Na sua opinião, esta estratégia deveria "criar aforro onde não existe, nomeadamente, entre os trabalhadores de menor qualificação e rendimentos mais modestos, que são os que têm mais a perder em sistemas desestruturados em que o aforro é deixado ao livre-arbítrio da vontade individual".
Mas todo este programa deve obedecer ao princípio da Europa mais verde, "em que o crescimento e a expansão não se podem fazer a qualquer preço". Considerou que a indústria seguradora está a fazer a viragem em direção à sustentabilidade. "De forma progressiva estão a incorporar os riscos ligados às mudanças climáticas dentro das técnicas de cálculo e valorização do perfil de risco de cada seguradora".
Pilar González de Frutos referiu que o compromisso ESG das seguradoras será uma realidade. Para já estão a construir-se as bases legais da atividade sustentável do negócio segurador, em que se "regula a transparência do segurador em relação aos seus clientes ou ao público em geral em matéria de sustentabilidade, os zelos e os trabalhos que os distribuidores de seguros deverão ter nesta matéria e também os investimentos verdes e sustentáveis a realizar pelas seguradoras".
Desafio da digitalização
O seguro europeu digitalizado é o horizonte e já estava a caminho quando a pandemia convenceu a indústria seguradora que havia que "incrementar a velocidade de digitalização". Segundo Pilar González de Frutos, hoje é um ator "muito ativo em todos os âmbitos relacionados com a digitalização: a implantação de sistemas de inteligência artificial, assunto que põe problemas éticos sobre os quais se está a refletir, a utilização de tecnologias descentralizadas, com as tecnologias DLT, o projeto Open Insurance".
Mas a presidente da Unespa a digitalização também deve ser vista com ponderação e deu exemplo dos veículos autónomos que será uma condução mista entre o ser humano e a máquina. Por isso, "quando neste mix quem é responsável de um acidente? Estes veículos deveriam um ou dois seguros? A digitalização supõe muito trabalho, mas um trabalho apaixonante".