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"As seguradoras foram as primeiras a despertar para os riscos cibernéticos nas suas atividades", sublinhou Miguel Mamede, senior account manager da Solera. O que se acentuou com a irrupção de um evento imprevisto como a pandemia de covid-19, que deu impulso ao trabalhado remoto. "As seguradoras viram o risco cibernético aumentar exponencialmente com todos os trabalhadores a trabalhar em casa e sem o controlo da própria seguradora".
Em termos de mercado, Miguel Mamede considera que "a responsabilidade de despertar o mercado para o risco cibernético passa pelas seguradoras e pela forma como os produtos são comunicados e colocados nos seus canais de distribuição, e também como fazem com que os clientes entendam que estão expostos a esses riscos. Passar a informação para o mercado para despertar o interesse nas empresas, nos empregados por contra própria, que também correm esse risco, de manter os seus negócios que estão expostos a situações do género".
Para Miguel Mamede são os especialistas, os que estão no mercado segurador, que devem dar apoio a essas empresas como as PME, que podem não estar tão preparadas para encarar essa realidade. "Os produtos existem, a forma como são comunicados podia ser melhorada. Os produtos também ser mais enriquecidos em termos de coberturas." Salienta que "é um terreno a explorar, ainda não sabemos ao certo o que estamos a pisar, porque todos os dias existem ataques cibernéticos, as seguradoras estão a aprender a gerir este risco".
Foco nos clientes
Miguel Mamede traçou o cenário de evolução que a pandemia potenciou. Houve uma aceleração da digitalização e das operações, com os canais de comunicação a manter o contacto com os seus clientes e a manter viva a relação através da tecnologia. Há também paralelamente, e não forçosamente decorrente da pandemia, um alargamento dos canais de distribuição ao digital. "Há cinco anos era impossível convivermos com a entrada de players no mercado como comparadores e hoje já em Portugal comparadores para se comprar seguro automóvel. É mais um canal de distribuição, que não era possível e que agora está disponibilizado aos clientes", analisou Miguel Mamede.
Do ponto de vista interno houve também um caminho muito grande feito pelas seguradoras na digitalização dos seus processos, que tornou o processo mais ágil em toda a cadeia de valor até ao serviço pós-venda. "Se recordarmos entraram alguns players no mercado em 2015/2016 que vieram disromper o mercado com ofertas de valor completamente diferentes, em que a indemnização era feita em segundos, e agora esse processo está democratizado. As seguradoras, mesmo com os sistemas pesados, alguns pesados de legacy, conseguem dar um nível de serviço semelhante, com componentes de inteligência artificial, que podem ser utilizadas dentro seu ecossistema para servir os seus clientes", sublinhou Miguel Mamede.
Na sua conclusão afirmou que "o caminho foi duro e acelerado pela própria pandemia, mas neste momento temos o maior foco no que de facto serve aos nossos clientes, aos clientes das seguradoras e que pode corresponder a estas novas gerações que são digitalmente mais exigentes. O consumo do produto de seguros passa pela experiência dos consumidores, dos clientes, dos tomadores ou dos segurados, que também tem sido melhorado pelo abraçar de tecnologia", disse Miguel Mamede.