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A possibilidade de seguros regulados

Em Portugal, o papel das seguradoras na saúde é ainda marginal, mas pode crescer, o que depende das condições e das necessidades das pessoas e do mercado, “porque são as pessoas a financiar”, disse Pedro Carvalho, CEO da Tranquilidade.

Filipe S. Fernandes 16 de Novembro de 2022 às 14:30
Pedro Carvalho, CEO da Tranquilidade Pedro Catarino
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"As seguradoras têm papéis de mutualização de risco e de financiamento do sistema, que é um papel ainda pequeno no contexto dos cuidados de saúde. São mil milhões em cerca de 20 mil milhões em todo o sistema", referiu Pedro Carvalho, CEO da Tranquilidade, no pequeno-almoço Jornal de Negócios/Tranquilidade que se realizou a 9 de novembro de 2022, no Sheraton Lisboa Hotel & Spa, no âmbito da iniciativa Seguros em Portugal.

O tema em debate foi "A Saúde", nas suas diversas dimensões como o Serviço Nacional de Saúde (SNS), o setor privado e social e os seguros de saúde. O papel das seguradoras na saúde é ainda marginal, mas pode crescer, o que depende das condições e das necessidades das pessoas e do mercado, "porque são as pessoas a financiar. Se tiverem outras formas de financiar a sua saúde, não o fazem através das seguradoras", sublinhou Pedro Carvalho, revelando ainda que "os seguros de saúde de grupo abarcam mais pessoas que os seguros individuais de saúde".

A Generali está em 60 países e nos 20 países europeus com grande dimensão e serviços e sistemas de saúde resilientes, como a Alemanha e França, por exemplo, e "tem um papel e uma dimensão maior em Portugal através da Tranquilidade. Pode dever-se ao maior rendimento, à obrigatoriedade de um seguro complementar, como na Alemanha. Os sistemas têm as suas diferenças, mas as seguradoras têm um papel maior enquanto financiadoras, mesmo em países onde a presença da saúde pública é muito grande", acentuou Pedro Carvalho.

Seguros regulados

Neste sentido, Julian Perelman, professor associado da Escola Nacional de Saúde Pública, considerou que seria interessante a contribuição dos seguros para a sustentabilidade da saúde. "Os portugueses gastam em média 600 euros por ano do seu bolso para a saúde, o que é muito dinheiro para determinadas famílias. São na sua quase totalidade pagamentos diretos, porque os seguros são residuais."

Na sua opinião, o busílis está na regulação. "Na Holanda, o Sistema de Saúde está baseado em seguros de seguradoras privadas e mutualidades, mas todos os seguros são regulados. A seguradora privada não pode cobrar o prémio que entende, os prémios e os pacotes de base de serviços são regulados e as pessoas que não podem pagar têm um subsídio do Estado", afirmou Julian Perelman. Sublinha que em Portugal não há seguros regulados.

"Seria interessante a participação das seguradoras no SNS, que podia ser orientada para determinados serviços complementares", assegurou Julian Perelman. Mas esta ligação seria feita através de um seguro, que pode ser privado ou mutualista, regulado pelo Estado, que definiria os serviços complementares oferecidos, os prémios e como é que se procedia com as pessoas que não podem pagar", concluiu Julian Perelman.
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