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Socks Active: Meias de Barcelos calçam o exército israelita

A Socks Active exporta os cinco milhões de pares que produz anualmente nas duas fábricas, incluindo a falida que comprou em Fafe. Os artigos técnicos acabam nos pés de atletas, soldados e caçadores.

22 de Dezembro de 2015 às 09:59
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A Socks Active vai começar a produzir meias de alta resistência para o exército de Israel no início de 2016. O contrato prevê o fornecimento de 50 mil pares a cada três meses, fabricados com um fio de torções diferenciadas e tratamento antibacteriano. O gestor, Joaquim Ribeiro, adiantou que "vão ser uns milhões largos" desse "produto específico e cor única".

Esta não é a primeira vez que a empresa de Barcelos trabalha no segmento militar. Há dois anos, despachou dois contentores também com cuecas, sutiãs, camisolas interiores e "singlets" (sem alças) para a Força Aérea Nacional de Angola. Produzidos em várias fábricas da região, esses artigos foram vendidos através de um capitão que detém uma confecção de uniformes.

Fora da Europa, Israel já é o maior mercado para esta exportadora a 100%, em que França e Alemanha pesam perto de 80% na facturação anual de 2,2 milhões de euros. À unidade principal localizada na freguesia da Pousa - criada no ano 2000 e onde está a concentrar a produção de meias técnicas e de maior valor acrescentado - juntou a antiga Confecções Império, em Fafe, que comprou em Maio de 2013 e recuperou da falência. É lá que vai ficar o grosso da produção das meias de grande consumo, que valem menos de metade do negócio.

Além dessas básicas, que vende para grandes superfícies como o Intermarché ou E.Leclerc, faz artigos especializados para corrida, esqui, caça, pesca, caminhada ou trabalho - estas muito requisitadas em França pelo filamento de protecção nas biqueiras e calcanhares. Trabalhando para cadeias com a dimensão da Intersport, Casino e Decathlon ou marcas como Hummel ou Fila, os produtos saem do Minho com a insígnia dos clientes. Só agora está a investir para tentar dar maior força comercial à marca própria Riverst, de vestuário desportivo técnico.

5
Milhões de pares
As duas fábricas fazem cinco milhões de pares de meias por ano. Todas seguem para o exterior.

Com 45 funcionários, as duas unidades produzem perto de cinco milhões de pares de meias por ano. A capacidade produtiva não é suficiente, porém, para satisfazer as encomendas, pelo que distribui trabalho por várias fábricas na região. Para inverter essa limitação, gizou um plano de investimento de 300 mil euros para renovação de equipamentos, aumento de pessoal e eficiência energética. Candidatou-o a apoios europeus no Portugal 2020, mas foi rejeitado por duas décimas.

"A explicação foi que não promovia a marca. É importante, mas os nossos clientes também são e sempre promovemos negócio no estrangeiro. O importante é ter unidades a produzir, que seja rentável, pague os ordenados aos funcionários, pague ao Estado e chegue ao final do ano sem problemas. Se isto não é suficiente…", desabafou Ribeiro.

O empresário atestou ainda que a maior força da empresa continua a ser comercial, na captação de clientes, tendo sido esse factor a "aguentar" o negócio face às "muitas crises" que atravessou em três décadas.

Perguntas a Joaquim Ribeiro
Administrador da Socks Active e da Têxtil Ribeiro & Verstraete
"Estamos a fechar compra de uma empresa em Espanha"

A aquisição da Calcetinos Hernando, que ficará fechada no início de 2016, vai duplicar a dimensão do grupo Ribeiro e abrir ainda mais as portas do mercado espanhol.

Estão a preparar aquisições?
Estamos a negociar a compra da Calcetinos Hernando, que tem uma unidade com perto de 70 máquinas em Burgos e é um cliente estratégico para quem já desenvolvemos alguns produtos que se vendem no mercado espanhol. O custo da mão-de-obra lá é mais caro e está no limite do negócio. Têm mais dificuldades em vender e a ideia é passar toda a produção para Barcelos e ficar lá só o departamento comercial. A vontade dos dois empresários é grande, mas a negociação está a levar tempo porque há outros sócios na família - aquilo já vem do tempo do avô - e não está fácil tirar de lá a produção. Mas não há volta a dar, o futuro é assim mesmo. No início do próximo ano fica tudo definido e a empresa deve passar para o nosso grupo.

É um activo interessante?
Como eles têm mais ou menos a mesma dimensão, então isto vai duplicar a nossa produção. É tão simples como isso. E é um mercado antigo para nós, temos lá muitos clientes, e essa empresa tem boa presença no país. Ao vir para cá, o negócio vai poder respirar por mais anos.

E como estão actualmente as vossas condições de financiamento?
A banca está mais próxima do que nunca porque agora não têm a construção, os carros vendem-se mal, e o têxtil é um negócio de ocasião. Noutros tempos, diziam que não era oportuno; hoje aliciam e querem que façamos crédito quando não precisamos. É só telefonar, que o dinheiro aparece na conta, graças a Deus. E os nossos clientes cumprem direitinho, dentro dos prazos e já nem recorremos a financiamentos sobre a exportação, como no passado.
Notas rápidas
Impulso industrial no início do século
Começou no comércio e importação...
A história da Ribeiro & Verstraete começou há 30 anos como agência têxtil, numa sociedade de Joaquim Ribeiro com a ex-mulher, em que comprava meias para a exportação e vendia fio importado às indústrias portuguesas.

...produziu amostras e cresceu na indústria
Em 2000 comprou quatro teares para produzir só amostras e pequenas colecções novas. Mas como as máquinas tinham muito tempo de paragem, Ribeiro resolveu reforçar a vertente industrial para rentabilizar o investimento.
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