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Os portugueses são, por natureza, conservadores. Assumir perdas de investimento, ainda que temporárias, não é para a maioria das pessoas. Daí que os depósitos a prazo sejam o produto preferido dos portugueses. Mas, com as taxas de juro em mínimos históricos, em torno de zero, há que procurar alternativas que permitam rentabilizar a poupança. Dentro destes produtos, os bancos online ainda garantem as taxas mais atractivas. O Banco Best e o BiG remuneram uma taxa de 2% a 90 dias para novos clientes, actualmente os depósitos mais rentáveis no mercado.
Em alternativa aos depósitos, mas igualmente sem correr riscos, os aforradores podes subscrever os produtos do Estado. Os certificados de aforro (CA) e os certificados do tesouro oferecem uma taxa superior à que os bancos estão a pagar pelo dinheiro no banco. No caso dos Certificados do Tesouro Poupança Crescimento (CTPC), este produto apresenta uma remuneração crescente a sete anos, que parte de uma taxa bruta de 0,75% nos dois primeiros anos, até 2,25% no último ano. Já os CA pagam uma taxa bruta de 0,681%, em Outubro. A rendibilidade destes produtos poderá, porém, aumentar a partir do próximo ano, uma vez que a taxa está indexada à Euribor. A expectativa do mercado é que o Banco Central Europeu (BCE) tire os juros de zero no final de 2019.
2. PPR e multi-activos para investidores moderados
Entre os produtos de investimento com risco moderado, os produtos de poupança para a reforma, seja seguros ou fundos PPR, e os fundos multi-activos (ajustados aos vários perfis de risco) lideram a preferência. No caso dos PPR, os fundos apresentam retornos negativos a 12 meses, ainda assim, para este tipo de produtos, deve olhar-se sempre a longo prazo. Num horizonte temporal a cinco anos, os fundos PPR rendem 1,4%, sendo que há produtos (NB PPR) onde as rendibilidades ascendem a 5%.
Entre os fundos, os multi-activos ou os fundos de obrigações são outras opções atractivas para investidores moderados, sobretudo num momento em que os mercados financeiros estão a entrar num fase mais conturbada. Os multi-activos equilibrados apresentam uma valorização média de 2% a cinco anos, no entanto também não escapam à instabilidade vivida em 2018. A grande vantagem dos fundos multi-activos, que são já os mais procurados em 2018, é a diversificação do investimento num produto. Outra das alternativas para investidores mais moderados são os fundos de obrigações. À medida que as bolsas entram numa fase mais instável, as obrigações podem revelar-se um porto de abrigo. As obrigações do tesouro para o retalho também podem ser uma alternativa interessante, mas apenas para montantes elevados ou que já pague comissões de custódia de títulos.
3. Acções dos EUA ainda são a principal aposta para um perfil agressivo
Para quem não tem medo de assumir um pouco mais de risco, nem de registar perdas de capital, as acções continuam a ser a melhor estratégia para investir na conjuntura actual, segundo os especialistas. E é nos EUA que os bancos de investimento identificam as melhores oportunidades, com a região mais salvaguardada de eventos políticos como o Brexit, ou o orçamento italiano. Apesar de terem sido contagiadas pelo "sell-off" nas bolsas mundiais, as praças de Wall Street ainda acumulam um desempenho positivo, com o Nasdaq a valorizar mais de 5%. Os mercados emergentes também poderão ser uma alternativa interessante, após a correcção recente, contudo estes mercados estão mais vulneráveis a tensões geopolíticas e à subida dos juros. Na dívida, os especialistas recomendam ainda a aposta em dívida de empresas de alto rendimento, onde o potencial de retorno é superior.
Investidores mais arrojados podem ainda apostar em derivados, como os ETF, "warrants" e CFD, que permitem alavancar o investimento. Deste modo, partindo de um capital iniciado baixo, o investidor garante uma exposição elevada, alavancando o potencial de mais-valias, mas também de perdas. E com o mercado numa fase mais instável, os riscos são ainda maiores. Caso o investimento corra mal, o aforrador pode perder a totalidade do capital e, nalguns casos, até mais do que o valor investido.
Siga de perto os riscos que podem ameaçar os seus investimentos
A guerra comercial e o orçamento italiano são alguns dos eventos que têm causado turbulência nos mercados financeiros em 2018.
Escalada das Tensões comerciais
A administração dos EUA endureceu a sua política comercial. Apesar das ameaças de agravamento das tarifas, até agora os EUA apenas concretizaram parte da implementação dessas taxas. A China tem sido o principal alvo destas tarifas. Esta segunda-feira Donald Trump admitiu que espera um "grande acordo com a China", mas alertou que, caso não seja possível alcançar um entendimento, tem milhares de milhões de dólares de novas tarifas para aplicar sobre as importações chinesas.
Normalização das taxas de juro nos EUA
Outro factor que tem merecido a preocupação dos investidores tem que ver com a evolução das taxas de juro das "treasuries". A "yield" a dez anos das obrigações norte-americanas transacciona acima de 3%, devido à normalização das taxas de juro no país, prosseguida pela Reserva Federal dos EUA.
Numa decisão inédita, a Comissão Europeia chumbou, na semana passada, a proposta de orçamento enviada por Roma a Bruxelas. A autoridade europeia pediu correcções no documento, mas o Executivo transalpino respondeu com ironia, adiantando que podem "enviar cartinhas até ao Natal" que não tencionam alterar as medidas.
Negociações do Brexit em "stand by"
O Reino Unido e a União Europeia continuam num impasse em relação às condições em que se dará o "divórcio" da União. As negociações poderão causar alguns momentos de tensão na negociação nos mercados accionistas.