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Certificados do Estado com resgates em 2022

A escalada da taxa de inflação reduziu o interesse por estes produtos, que oferecem taxas de remuneração que não vão além de 1%. Apesar das subscrições negativas nos dois primeiros meses do ano, o Governo espera um contributo positivo destes produtos no ano.

Patrícia Abreu pabreu@negocios.pt 22 de Abril de 2022 às 07:00
O instituto liderado por Cristina Casalinho antecipa que apenas os CA contribuam para o financiamento do Estado em 2022.
O instituto liderado por Cristina Casalinho antecipa que apenas os CA contribuam para o financiamento do Estado em 2022. Bruno Simão
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O Governo antecipa um contributo positivo dos produtos de poupança do Estado, em 2022, mas a confirmar-se a evolução registada nos dois primeiros meses do ano, o Executivo terá de refazer as contas. Entre janeiro e fevereiro, os Certificados do Tesouro (CT) viram sair mais de 100 milhões de euros, um volume de saídas que não foi compensado pelas entradas nos Certificados de Aforro (CA), ditando um saldo negativo para os certificados neste período.

O “stock” aplicado em certificados do Tesouro situava-se em 17.741 milhões de euros, no final de fevereiro, menos 108 milhões de euros que o valor investido nestes produtos no final de dezembro, segundo os dados divulgados no boletim mensal da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP. Ao contrário dos CT, os CA mantiveram uma evolução positiva, em linha com aquilo que foi o comportamento no último ano. Estes produtos de poupança captaram 87 milhões de euros nos dois primeiros meses do ano.

Contabilizando CA e CT, o contributo destes dois produtos para o financiamento do Estado é negativo em 2022, no valor de 21 milhões de euros.

Ao contrário do que aconteceu nos últimos anos, períodos em que os certificados conseguiram sempre captar investimento, apesar das baixas taxas de retorno oferecidas, o disparo da taxa de inflação [índice de preços no consumidor saltou para 7,4% nos países do euro em março] poderá estar a condicionar novas aplicações.

Os novos CT em comercialização, os Certificados do Tesouro Poupança Valor (CTPV), pagam uma remuneração anual média de 1% a sete anos. Já no caso dos CA, a taxa de remuneração fixa para abril é de 0,511%. Mas, enquanto no caso dos CT a remuneração é fixa, nos CA a expectativa de uma subida das taxas Euribor poderá refletir-se em taxas mais elevadas.

Depois de anos de Euribor negativas, com impacto nas remunerações oferecidas por estes produtos, a perspetiva de uma subida de juros mais rápida na Zona Euro deverá ser acompanhada por um aumento destes indexantes, que já seguem menos negativos. Os CA têm uma taxa fixa de 1%, à qual acresce o valor da Euribor a três meses, sendo a remuneração calculada mensalmente, não podendo a taxa superar os 3,5%, nem ser inferior a 0%. Assim, caso a taxa a 3 meses – atualmente segue a negociar em -0,475% – regresse a valores positivos, facilmente os CA irão oferecer retornos superiores aos pagos pelos CT.

E face às indicações mais recentes de vários membros do Banco Central Europeu (BCE), este movimento de subida deverá ser mais rápido do que o mercado estava a antecipar. Quatro membros do conselho de governadores da autoridade monetária europeia apontaram julho como a data provável para a primeira subida da taxa dos depósitos, que está atualmente em -0,5% e que serve de referência às Euribor. A confirmarem-se as expectativas do mercado, a taxa dos depósitos deverá subir para zero já em outubro e não no final do ano, como antes destas declarações era previsto.

Na proposta para o Orçamento do Estado para 2022, o Governo já prevê um contributo nulo dos CT, antecipando que as famílias apenas financiem o Estado através dos CA, este ano. Estes produtos deverão registar subscrições líquidas de 148 milhões de euros, que resultam da diferença entre a emissão de 863 milhões de euros e a amortização de 714 milhões de euros. Já no caso dos CT, o contributo deverá ser nulo dado o valor previsto das emissões e das amortizações ser o mesmo: 4.021 milhões de euros.

 

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Resgates
Os certificados do Tesouro registam subscrições negativas de 108 milhões de euros nos dois primeiros meses do ano.

 

 

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Entradas
Ao contrário dos CT, os CA captaram 87 milhões de euros até ao final de fevereiro, segundo o boletim mensal do IGCP.

 

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