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Maria Cândida Rocha e Silva: “Hoje o futuro dos mercados tem muitas interrogações”

Há um conjunto de ingredientes que, combinados, podem trazer algumas dúvidas e algumas sombras sobre a economia.

Negócios 22 de Novembro de 2021 às 14:00
Maria Cândida Rocha e Silva, presidente do Banco Carregosa Duarte Roriz
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"Somos um banco de nicho que tem como foco a gestão de ativos e por isso achamos que a maneira de nos mostrarmos deverá mais recatada, menos explícita, embora por razões óbvias tenha de existir", afirmou Maria Cândida Rocha e Silva, presidente do Banco Carregosa. Fez uma citação de Miguel Torga: "Nenhuma árvore anuncia os seus frutos embora gostem de que lhos comam." Segundo Maria Cândida, é uma frase que explica o posicionamento do Banco Carregosa e é uma maneira de se darem a conhecer, tendo salientado que o Jogo da Bolsa se está a tornar uma tradição e o Banco Carregosa, que não utiliza a publicidade normal para se dar a conhecer, se tem associado.

"Hoje o futuro dos mercados financeiros tem muitas interrogações", considerou José Azevedo Rodrigues, vice-reitor da ISCTE-IUL, que também é administrador não executivo da CGD em fim de mandato. "Vivemos um período atípico porque passamos um período de muitas dificuldades, a CGD sendo o banco nacional, o banco de todos os portugueses superou dificuldades imensas do passado, hoje compara de forma favorável com a melhor banca europeia". Deu como exemplo do indicador NPL que tinha duas casas decimais e que hoje se situa na ordem dos 2,8%.

Nova tempestade

"Houve um período de grande recuperação mas chegámos a um período de impasse, que é na prática o pós-covid-19. Os bancos têm grande liquidez que no contexto atual cria alguns problemas em termos de rentabilidade, embora tenha efeitos positivos sobre a segurança e a confiança dos seus depositantes. Depois, fruto do passado, há um outro fator que é comum à banca e ao sistema financeiro, sobretudo o que está sujeito a supervisão tem custos elevadíssimos. Numa situação de taxas de juro negativas criam-se alguns problemas e o futuro dos mercados financeiros é um tema atual no período pós-pandemia", alertou José Azevedo Rodrigues.

"Se no passado tivemos uma pandemia que colocou bastante pressão na economia, nos mercados financeiros, começamos a ver sinais de uma outra tempestade com as dificuldades de abastecimento, falta de componentes, inflação, crise energética. Há um conjunto de ingredientes que, combinados, podem trazer algumas dúvidas e algumas sombras sobre a economia", disse Diana Ramos, diretora do Jornal de Negócios. "Por isso não deixemos que essas sombras se instalem sem que olhemos para os seus efeitos e sem deixar de alertar os vários atores políticos, económicos e sociais para os seus efeitos".