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Aposta no investimento em marcas fortes

Rina Guerra prefere as empresas que têm pricing power, como as indústrias de bens de luxo, em que o preço não tem qualquer influência na procura de produtos.

22 de Novembro de 2021 às 18:00
Rina Guerra, gestora de ativos do Banco Carregosa. Duarte Roriz
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"Como investidores procuramos perceber quais as empresas em que é impossível não passar o aumento de preço, pois este esmaga as suas margens e aumenta os riscos de sobrevivência, e quais é que são fortes na sua capacidade de se poder impor e em que o preço é um fator secundário para o consumidor que utiliza esses produtos e bens", referiu Rina Guerra, da gestora de ativos - ações do Banco Carregosa.

São as empresas com pricing power as que conseguem passar por este período marcado pela inflação, escassez de produtos e disrupções das cadeias de abastecimento e incertezas em relação à pandemia sem grandes perturbações. "Os aumentos de preços não são automáticos nem ao mesmo tempo na energia ou nas matérias-primas, há um lag temporal. Algumas estão a fazê-lo de forma gradual, mas para 2022 poderemos ver o reverso positivo nas margens porque os aumentos de preços vão começar a notar-se. Com uma normalização dos preços das matérias-primas haverá uma captação maior das margens, ao contrário de 2021 em que as margens se vão estreitar um pouco", disse Rina Guerra.

Investimento em ações

Rina Guerra manifestou a sua preferência de investimento em marcas muito fortes, que tenham uma reputação provada no mercado e em que os consumidores são um pouco indiferentes aos preços. São vantagens competitivas e assim se conseguem proteger mais da concorrência. Deu o exemplo das indústrias de bens de luxo, em que o preço não tem qualquer influência na procura de produtos. "Este tipo de indústria é o ideal para poder viver bem estes períodos mais conturbados porque o aumento de preço até pode aumentar o desejo por esses produtos", considerou Rina Guerra.

"A tributação é necessária mas pode ser um travão ao crescimento das empresas porque as impedem de investir em si próprios sobretudo se forem empresas boas e com capacidade de reinvestimento no seu próprio negócio e esse crescimento gerar ainda mais crescimento, a empresa consegue-se capitalizar de uma forma saudável e garante o futuro", disse Rina Guerra.

Quando são estruturas familiares ou fortes que dependam dos dividendos poderão também capear o investimento que a empresa possa fazer no seu próprio negócio. Para Rina Guerra, em Portugal há muito pouco o hábito de investir em ações diretamente muito pouco se comparar com os Estados Unidos. "Neste país, desde o início de carreira que os jovens são muito incitados a pôr de lado a sua poupança e a começar a investir no mercado de capitais". Rina Guerra questionou se a razão em Portugal seria por causa da tributação, mas acha que tem mais a ver com literacia em financeira, porque "as pessoas tendem a investir muito no curto prazo em vez do longo prazo, fazer muito trading, porque como mostram as séries históricas a longo prazo o mercado acionista é sempre gerador de retornos positivos", concluiu.