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Transformação digital exige visão do sistema e liderança

A inflação fez aumentar os custos de produção da indústria farmacêutica. Uma subida que não se repercute nos preços dos medicamentos por ser um mercado altamente regulado.

10 de Outubro de 2022 às 14:00
Filipa Mota e Costa, diretora-geral da Janssen.
Filipa Mota e Costa, diretora-geral da Janssen. Bruno Colaço
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Numa breve reflexão sobre o tema Investir em Saúde, Filipa Mota e Costa, diretora-geral da Janssen, afirmou que "a saúde é um investimento e o melhor investimento que podemos fazer em cada um de nós e no nosso país". Na abertura da 7.ª Conferência Investir em Saúde, uma iniciativa do Jornal de Negócios e da Janssen, lembrou que nos últimos anos os orçamentos do setor da saúde têm sido reforçados mas "atingiram-se novos máximos sem que isso se traduza no que nós queremos: melhores serviços e melhor saúde em Portugal".

Recordou que a sustentabilidade tem atravessado os debates em saúde dos últimos anos. No que toca à indústria farmacêutica, o contributo dado para o equilíbrio tem sido visível. "Somos um forte contribuidor para o sistema nacional da saúde. O peso do medicamento tem vindo a diminuir na última década." Em Portugal, o peso do medicamento representa menos de 15% da despesa total em saúde. Além disso, como referiu Filipa Mota e Costa, "é uma componente muito escrutinada e controlada em todo o orçamento da saúde".

A inflação também impactou a indústria farmacêutica, que enfrenta elevados aumentos nos custos de produção. "É uma subida que claramente não se repercute nos preços dos produtos farmacêuticos por ser um mercado altamente regulado", disse Filipa Mota e Costa. Alertou para a "urgência de repensar esta situação difícil para todos nós".

Bem essencial

Recentemente, um estudo da APIFARMA com a McKinsey avaliou o investimento em saúde e concluiu que em Portugal o valor da inovação terapêutica, o valor acrescentado, de rendimento para as famílias, é de 240 milhões de euros. "Isto é o valor do investimento em saúde", sublinhou Filipa Mota e Costa. Salientou que mais tecnologia pode trazer resultados em saúde e traduzir-se em mais sustentabilidade por duas vias. Por um lado, por melhores decisões clínicas, mas também por um melhor percurso do doente no sistema de saúde. Para a transformação digital em curso "é preciso ter uma visão do sistema e uma liderança para garantir que a implementação da digitalização acontece de forma integrada e para evitar investimentos pontuais que depois não interagem uns com os outros", referiu Filipa Mota e Costa.

"O desassossego da pandemia, o desassossego de uma guerra e, muitas vezes, estes desassossegos toldam-nos as prioridades e a saúde é uma das prioridades em Portugal, tal como a justiça e a educação", referiu Celso Filipe, diretor adjunto do Jornal de Negócios. "Mas a saúde é um bem essencial e por isso deveria ser uma aposta de todos e, em especial, do Governo." Salientou ainda o momento de transição da Saúde em que se registou uma mudança de ministro, de Marta Temido para Manuel Pizarro, e em que surge pela primeira vez a figura do diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde, e no qual se depositam "esperanças de um futuro melhor e diferente para o Serviço Nacional de Saúde".