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Gabriela Fernandes: “O tratamento do cancro de pulmão é de precisão, individualizado ao doente”

A biopsia líquida, os avanços no domínio da anatomia patológica e radiologia, serão ferramentas essenciais para a deteção precoce e rastreio.

10 de Outubro de 2022 às 16:30
Lusa
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A nível global, o cancro do pulmão é a principal causa de morte oncológica e o segundo mais frequente em ambos os sexos, depois do da próstata e da mama. Atualmente, o tratamento do cancro de pulmão é de precisão, individualizado ao doente, segundo as características do seu tumor. Os diferentes aspetos envolvidos no ecossistema doente-tumor são analisados sobre diferentes perspetivas, entre outras, são exemplos a genómica, com o estudo do genoma humano e dos tumores, a epigenómica com o estudo dos fatores que influenciam o funcionamento dos genes, a transcriptómica, estudo do conjunto completo de todas as moléculas de ARN essenciais para a codificação das proteínas, o estudo do funcionamento das próprias proteínas (proteómica) metabolómica e radiómica, que usa a extração maciça de dados obtidos a partir de imagens médicas de TAC ou de ressonância relacionáveis com características biológicas do tumor. No seu conjunto, contribuem para o entendimento de sistemas biológicos como o cancro. No âmbito desta perspetiva multiómica, inteligência artificial, "machine learning" e a análise de "big data" são os elementos integrativos essenciais da informação, defende Gabriela Fernandes, assistente hospitalar graduada de Pneumologia no Centro Hospitalar Universitário de São João.

Tecnologias de sequenciação

A sequenciação do código genético dos tumores foi um dos avanços mais importantes das últimas décadas, assim como a compreensão detalhada da biologia da doença, permitindo o desenvolvimento de fármacos que atuam em alvos moleculares específicos. As novas tecnologias de sequenciação (sequenciação de última geração) permitem, numa pequena amostra de tumor, interrogar simultaneamente várias regiões do genoma envolvidas no cancro do pulmão. Esta metodologia é um processo mais rápido e com melhor relação custo-eficácia que a estratégia prévia de testagem sequencial, passo a passo, processo moroso. As tecnologias emergentes de sequenciação, biopsia líquida, também permitem a identificação de elementos de proveniência tumoral na corrente sanguínea. Um desses elementos é o ADN tumoral livre em circulação, no qual é possível identificar alterações, nomeadamente mutações, que se associam a resposta à terapêutica dirigida a alvos moleculares, à sua resistência e monitorização. Esta é uma forma não invasiva e facilmente repetível de obter representação do tumor.