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Foto em cima: Celso Filipe, diretor adjunto do Jornal de Negócios, com José Cabeçadas, diretor do Departamento de Diagnóstico Laboratorial IPO de Lisboa, Pedro Ramos, fundador da PROMPTLY e Sofia Couto da Rocha, CTO Lusíadas Saúde
"Há desafios em que Portugal está a dar passos importantes, como a digitalização, a interoperabilidade, mas a harmonização de dados é uma parte relevante no futuro da saúde", afirmou Pedro Ramos, especialista em dados e fundador da Promptly, que está envolvida em projetos europeus e nacionais de harmonização de dados. "É com base nos dados harmonizados, que se chega a resultados e a evidências, se retira o conhecimento que permite o avanço dos tratamentos, nova investigação clínica, nova medicação."
Um dos projetos da Promptly é com a EMA - Agência Europeia de Medicamentos, que recebe dados digitais dos seus membros entre os quais Portugal, como os reembolsos, a farmacovigilância, segurança dos doentes. Mas recebia dados não harmonizados e o processo de tratamento dos dados até conseguir gerar evidências e "insights" levava entre nove meses e um ano. O objetivo é "harmonizar um modelo comum dos dados para que estes falem todos na própria fonte, nos próprios hospitais estejam harmonizados no mesmo modelo para que esta análise possa ser feita com rapidez", disse Pedro Ramos.
Em Portugal, a Promptly já participou na organização de grandes "data lakes", um deles foi o Health Cluster e que está a ser expandido com verbas do PRR. "Há coisas que estão a ser feitas, que estão a ir no bom caminho e partem de uma infraestrutura que existe em Portugal de digitalização em saúde e que é bastante melhor do que a média europeia. É esta infraestrutura que nos pode permitir dar passos importantes. Na Alemanha, há uns meses, disseram-me que foi durante a covid-19 que o último fax foi extinto nos hospitais da Alemanha", revelou Pedro Ramos.
Medicina digital
Para Sofia Couto da Rocha, CTO Lusíadas Saúde, diz-se muito que tudo está nos dados, mas defende que o importante é o que se faz com os dados, e que ciência se colocar em cima, ou seja, "o que vou fazer com conhecimento gerado por esses dados, processado por ‘data science’, planificado com ‘digiscience’. Não me parece ainda um conhecimento transversal ao nosso dia a dia e muito menos incluído nos programas formativos de uma forma massiva."
Referiu ainda a importância dos dados na construção do caminho do doente. "Um dos pontos mais discutidos, além dos dados, é o foco no doente, colocar o doente no centro. O desenho e o repensar dos percursos do cidadão no sistema de saúde "têm de ser feitos em várias camadas, porque a arquitetura de dados tem de acompanhar esta estrutura para que se possa aceder a relatórios, a tecnologia, como o vídeo, para potenciar o conhecimento, e o acesso a dados da organização ou exteriores", referiu Sofia Couto da Rocha.
José Cabeçadas, diretor do Departamento de Diagnóstico Laboratorial IPO de Lisboa, fez a distinção entre digitalização e medicina digital. Em Portugal, está-se "razoavelmente avançado" na digitalização, e deu como exemplo poder fazer o diagnóstico de análises dos doentes a partir do seu computador porque as lâminas que vê ao microscópico no seu laboratório estão digitalizadas. "Mas isto não é medicina digital, porque houve apenas uma mudança de suporte, como as notas que tenho no papel poderiam estar no telemóvel. Se não fizer nada de diferente só mudei de suporte, não é digitalização."
Para José Cabeçadas, a transição para uma medicina digital tem de abarcar os algoritmos e o que se chama a inteligência artificial, "que vão trabalhar ao nosso lado e que nos vão substituir em algumas das nossas tarefas. Espero ser substituído em algumas das tarefas maçadoras e ser melhor diagnosticador com esta ferramenta ao meu lado." José Cabeçadas invoca uma alegoria: "Não quero correr contra um cavalo que corre mais do que eu, mas quero montar o cavalo."
"Há desafios em que Portugal está a dar passos importantes, como a digitalização, a interoperabilidade, mas a harmonização de dados é uma parte relevante no futuro da saúde", afirmou Pedro Ramos, especialista em dados e fundador da Promptly, que está envolvida em projetos europeus e nacionais de harmonização de dados. "É com base nos dados harmonizados, que se chega a resultados e a evidências, se retira o conhecimento que permite o avanço dos tratamentos, nova investigação clínica, nova medicação."
Um dos projetos da Promptly é com a EMA - Agência Europeia de Medicamentos, que recebe dados digitais dos seus membros entre os quais Portugal, como os reembolsos, a farmacovigilância, segurança dos doentes. Mas recebia dados não harmonizados e o processo de tratamento dos dados até conseguir gerar evidências e "insights" levava entre nove meses e um ano. O objetivo é "harmonizar um modelo comum dos dados para que estes falem todos na própria fonte, nos próprios hospitais estejam harmonizados no mesmo modelo para que esta análise possa ser feita com rapidez", disse Pedro Ramos.
Em Portugal, a Promptly já participou na organização de grandes "data lakes", um deles foi o Health Cluster e que está a ser expandido com verbas do PRR. "Há coisas que estão a ser feitas, que estão a ir no bom caminho e partem de uma infraestrutura que existe em Portugal de digitalização em saúde e que é bastante melhor do que a média europeia. É esta infraestrutura que nos pode permitir dar passos importantes. Na Alemanha, há uns meses, disseram-me que foi durante a covid-19 que o último fax foi extinto nos hospitais da Alemanha", revelou Pedro Ramos.
Medicina digital
Para Sofia Couto da Rocha, CTO Lusíadas Saúde, diz-se muito que tudo está nos dados, mas defende que o importante é o que se faz com os dados, e que ciência se colocar em cima, ou seja, "o que vou fazer com conhecimento gerado por esses dados, processado por ‘data science’, planificado com ‘digiscience’. Não me parece ainda um conhecimento transversal ao nosso dia a dia e muito menos incluído nos programas formativos de uma forma massiva."
Referiu ainda a importância dos dados na construção do caminho do doente. "Um dos pontos mais discutidos, além dos dados, é o foco no doente, colocar o doente no centro. O desenho e o repensar dos percursos do cidadão no sistema de saúde "têm de ser feitos em várias camadas, porque a arquitetura de dados tem de acompanhar esta estrutura para que se possa aceder a relatórios, a tecnologia, como o vídeo, para potenciar o conhecimento, e o acesso a dados da organização ou exteriores", referiu Sofia Couto da Rocha.
José Cabeçadas, diretor do Departamento de Diagnóstico Laboratorial IPO de Lisboa, fez a distinção entre digitalização e medicina digital. Em Portugal, está-se "razoavelmente avançado" na digitalização, e deu como exemplo poder fazer o diagnóstico de análises dos doentes a partir do seu computador porque as lâminas que vê ao microscópico no seu laboratório estão digitalizadas. "Mas isto não é medicina digital, porque houve apenas uma mudança de suporte, como as notas que tenho no papel poderiam estar no telemóvel. Se não fizer nada de diferente só mudei de suporte, não é digitalização."
Para José Cabeçadas, a transição para uma medicina digital tem de abarcar os algoritmos e o que se chama a inteligência artificial, "que vão trabalhar ao nosso lado e que nos vão substituir em algumas das nossas tarefas. Espero ser substituído em algumas das tarefas maçadoras e ser melhor diagnosticador com esta ferramenta ao meu lado." José Cabeçadas invoca uma alegoria: "Não quero correr contra um cavalo que corre mais do que eu, mas quero montar o cavalo."