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Pedro Nunes: “Está próximo um tratamento feito à medida para cada doente”

No campo da cirurgia, assiste-se a um aparecimento de técnicas com recurso à tecnologia, como a cirurgia laparoscópica e a cirurgia com assistência robótica.

10 de Outubro de 2022 às 15:00
Bruno Colaço
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"O cancro da próstata é um verdadeiro problema de saúde pública, e é talvez a doença oncológica que é mais diagnosticada no homem. É a segunda causa de mortalidade oncológica no homem", afirma Pedro Nunes, urologista na CHUC - Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e que se dedica à uro-oncologia, sobretudo o cancro da próstata

Os meios para fazer o diagnóstico precoce do cancro da próstata têm sido o PSA (Prostate Specific Antigen) e o toque retal nos homens. Hoje em dia existem outros métodos que permitem afinar o diagnóstico precoce e outros marcadores que se estudam e que podem ser mais sensíveis e específicos que o PSA.

Há evolução tecnológica, nomeadamente, no campo da imagiologia. "Antigamente fazíamos biopsias da próstata de uma forma cega só com a elevação do PSA. Hoje, a ressonância magnética multiparamétrica, que é um avanço tecnológico, permite-nos fazer biopsias mais inteligentes e tentar diagnosticar só os cancros que interessam e que se podem manifestar numa forma clínica e podem pôr em perigo a vida do homem", assinala Pedro Nunes. No estadiamento, para saber em que estádio está o cancro da próstata, tem havido outros avanços, como na imagiologia e na PET (Positron Emission Tomography) e o PET com PSMA (Prostate-Specific Membrane Antigen), o que permite para PSA muito baixos saber em que fase está a doença.

Os novos tratamentos

No tratamento da doença, depois de estar diagnosticada, há dois grandes grupos. Quando a doença está localizada e se pode eventualmente curá-la, e o outro grupo em que a doença está avançada e tenta-se fazer o seu controlo. Quando necessitam de tratamento, existem hoje terapêuticas inovadoras, como a terapêutica focal, que trata da parte da próstata que está doente.

Na parte das técnicas invasivas existem técnicas ablativas, como a braquiterapia, que é uma radioterapia intersticial localizada na próstata, e "a cirurgia, que continua a ser técnica mais eficaz para curar estes doentes", disse Pedro Nunes. No campo da cirurgia assiste-se a um aparecimento de técnicas com recurso à tecnologia como a cirurgia laparoscópica e a cirurgia com assistência robótica.

No campo da doença avançada apareceram fármacos de investigação e inovadores que têm tentado mudar a história natural desta doença avançada.

"Primeiro surgiram fármacos baseados em hormonoterapia cada vez mais inteligentes, e, neste campo de medicina de precisão, cada vez mais nos aproximamos do nosso objetivo, que seria ter um tratamento feito à medida para cada doente. Os estudos genéticos identificam a predisposição de cada homem para desenvolver tipos específicos de cancro ou para caracterizar molecularmente o cancro que têm. Consoante o tipo de cancro se escolhe o fármaco feito quase à medida para esses doentes. Hoje em dia temos alguns fármacos que se aproximam deste conceito. Mais uma vez são fármacos de investigação e inovadores com custos muito avultados que é preciso racionalizar", concluiu Pedro Nunes.