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Durante a sua intervenção introdutória na conferência organizada pelo Negócios, "Os Caminhos do Crescimento", António Costa fez o diagnóstico dos erros que considera que o Governo português cometeu nos últimos anos, colocando no centro a política de austeridade. "Ao ter levado à queda brutal de investimento e ao ter conduzido ao desemprego de longa duração e para fora do mercado de trabalho centenas de milhares de pessoas em idade activa degradou o crescimento potencial de economia", afirmou o secretário-geral do PS na Conferência Anual do Negócios que decorre esta sexta-feira, no Sheraton Lisboa.
Com a entrada no euro, a aceleração da globalização e o alargamento da União Europeia, o modelo de crescimento português – produtos de pouco valor acrescentado e salários baixos – foi colocado em causa. Contudo, o líder socialista discorda da resposta encontrada para esse
problema. "Acho que estamos de acordo no ponto de partida: temos de crescer e temos de ser mais competitivos. A divergência começa aqui. Como ganhamos competitividade?"
António Costa argumenta que a solução para o problema de competitividade nacional deveria ter passado por insistir no "investimento em educação, formação, I&D e inovação". "Quem acreditou que esta é uma ambição acima das nossas capacidades e que mais valia atalhar caminho, voltando a competir com base nos baixos salários, enganou-se e fez o país perder um tempo precioso."
Esta estratégia provocou, segundo o secretário-geral do PS, um atraso na modernização do país. "As ideias da "austeridade expansionista" e da desvalorização interna destruíram mais do que transformaram e, pelo desinvestimento e desconfiança que geraram, atrasaram a modernização do perfil de especialização da economia", acrescentou.
Perante esse diagnóstico, o que pensa António Costa sobre o Programa de Estabilidade, apresentado ontem pelo Governo? "O Programa de Estabilidade é a confissão do impasse em que se esgotou este modelo, nada mais propondo que manter os cortes de salários e a sobretaxa de IRS até final da próxima legislatura e um novo corte nas pensões."